Netanyahu exclui solução de dois Estados e contraria Washington

Apesar dos avisos dos Estados Unidos, o primeiro-ministro insistiu que depois da guerra atribuirá às forças israelitas o controlo da segurança de “todo o território a oeste do rio Jordão”.

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O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu RONEN ZVULUN / POOL
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O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, afastou esta quinta-feira uma solução de dois Estados, recusando reconhecer um Estado da Palestina. As declarações surgem depois de responsáveis norte-americanos indicarem que o futuro pós-guerra passaria por um acordo de paz entre Israel e a Arábia Saudita e pela criação de um Estado palestiniano.

"Em qualquer acordo futuro, Israel precisará de controlar a segurança de todo o território a oeste do rio Jordão", que marca a fronteira entre a Jordânia e os territórios de Israel e da Cisjordânia ocupada, defendeu Netanyahu em conferência de imprensa, acrescentando que em cada zona abandonada por Israel surge uma ameaça terrorista ao país.

Segundo alega o chefe de Governo, a maioria da população israelita está de acordo consigo e assume ser contra um Estado da Palestina. "Isto contraria a ideia de autodeterminação [do povo palestiniano]. E então? Digo esta verdade aos nossos amigos norte-americanos. E travei a tentativa de nos imporem uma realidade que minaria a segurança de Israel."

E esta tomada de posição, garante, não impedirá Israel de alcançar acordos de paz com novos países árabes na região - nomeadamente com a Arábia Saudita.

Contudo, governantes sauditas têm reiterado que a normalização das relações com Israel depende do reconhecimento de um Estado palestiniano e da paz dessa população.

Já na perspectiva de Benjamin Netanyahu, o conflito israelo-palestiniano não é sobre "a falta de um Estado, mas sobre a existência de um Estado - o Estado judaico"

Ainda no último mês, o primeiro-ministro insistiu nas críticas aos Acordos de Oslo, assinados em 1993, e assumiu ter "orgulho em ter evitado a criação de um Estado palestiniano". "Hoje toda a gente compreende o que esse Estado poderia ter sido, agora que vimos o pequeno Estado palestiniano em Gaza", afirmou a 16 de Dezembro, em referência à violência do Hamas.

Entretanto, Washington reagiu, de forma inequívoca: não existirá paz no Médio Oriente sem um Estado palestiniano. Em conferência de imprensa, o porta-voz do Departamento de Estado norte-americano, Matthew Miller, lembrou que este momento representa uma oportunidade para Israel, uma vez que os países vizinhos estão dispostos a dar garantias de segurança ao Estado judaico.

"Mas, sem a criação de um Estado palestiniano, não é possível resolver os seus problemas a longo prazo, garantindo uma segurança duradoura; nem é possível resolver problemas a curto prazo para a reconstrução de Gaza, a criação de um Governo em Gaza e a garantia da segurança de Gaza", justificou Matthew Miller esta quinta-feira, citado pela Reuters.

Também John Kirby, conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca, disse esta tarde aos jornalistas que os Estados Unidos continuam empenhados numa solução de dois Estados e assegurou que "existirá uma Gaza pós-conflito, sem reocupação" israelita.

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