Papa diz que “prazer sexual é um dom de Deus”, mas a pornografia prejudica-o
Francisco afirmou que a Igreja não “condena o instinto sexual”, mas alertou para os perigos trazidos pelo “demónio da luxúria”.
Numa mensagem centrada no pecado da luxúria, o Papa Francisco defendeu esta quarta-feira que o “prazer sexual é um dom de Deus”, mas que os católicos devem evitar a pornografia, associada à dependência.
“Se não for contaminada pelo vício, a paixão é um dos sentimentos mais puros”, disse, na audiência pública semanal no Vaticano, esta quarta. “No Cristianismo não há condenação do instinto sexual”, o que não significa que a paixão esteja isenta de perigos: "não está".
Sobre o “demónio da luxúria”, que opôs à virtude da castidade, o Papa descreveu-o como um vício capaz de devastar relações entre pessoas e de roubar a liberdade individual.
“Infelizmente, as notícias diárias são suficientes para documentar tal realidade. Quantos relacionamentos, que começaram da melhor maneira, se transformaram em relacionamentos tóxicos, de posse do outro, desprovidos de respeito e de sentido de limites?”, questionou.
“Temos de defender o amor”, insistiu o líder da Igreja Católica, mesmo que “vencer a batalha contra a luxúria, contra a coisificação do outro, seja uma tarefa para toda a vida”.
Na mesma linha de outras declarações feitas no passado, Francisco alertou os fiéis para o que considera serem os perigos do consumo de pornografia disponível online. “O prazer sexual, que é um dom de Deus, é prejudicado pela pornografia: satisfação sem relacionamento que pode gerar dependência.”
Em 2022, reunido com sacerdotes e seminaristas em Roma, o líder da Igreja Católica reconheceu que o vício da pornografia é comum. “Muitas pessoas o têm: muitos leigos, mas também padres e freiras. O Diabo entra por aí”, avisou. “Não estou a falar apenas de pornografia criminosa, envolvendo o abuso de crianças. Isso já é degenerado. Falo de pornografia ‘normal’. Tenham cuidado”, disse na altura.
Mas se há dois anos deu um conselho prático – apagar a pornografia do telemóvel – desta vez focou-se no amor “verdadeiro”, aquele que “não possui”.
Se for vencida a batalha contra a luxúria, reiterou, em tom de apelo, “o prémio é o mais importante de todos: preservar aquela beleza que Deus escreveu na sua criação quando imaginou o amor entre o homem e a mulher”.