PIB alemão cai 0,3% nos últimos três meses de 2023

Maior economia europeia confirma mau desempenho durante o ano passado com um último trimestre de variação negativa do PIB. Recessão técnica foi, ainda assim, evitada, mas por pouco.

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A Alemanha, liderada por Olaf Scholz, é um motor importante da economia portuguesa Nuno Ferreira Santos
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Confirmando as expectativas de uma deterioração significativa da conjuntura, a economia alemã registou uma contracção no último trimestre do ano passado, não conseguindo evitar também uma variação negativa do PIB no total de 2023. Ainda assim, evitou uma recessão técnica devido à ligeira correcção em alta do resultado do terceiro trimestre.

De acordo com a primeira estimativa das autoridades estatísticas alemãs para a evolução do PIB no quarto trimestre de 2023, a economia recuou 0,3% nesse período face ao período imediatamente anterior. O resultado está em linha com aquilo que era esperado, na sequência de vários indicadores que davam conta de uma contracção da actividade na indústria e nos serviços, numa altura em que as empresas e consumidores alemães revelaram dificuldades em lidar com o ambiente de inflação e taxas de juro altas e registaram descidas de confiança significativas.

Este recuo no final do ano fez com que, no que diz respeito ao total de 2023, se registasse também uma variação negativa de 0,3% no PIB.

Ainda assim, para já, a Alemanha conseguiu escapar a uma recessão técnica. Ao mesmo tempo que apresentou a sua primeira estimativa para o quarto trimestre, o instituto responsável pelas estatísticas das contas nacionais do país reviu também os resultados referentes ao terceiro trimestre. E, em vez do recuo de 0,1% estimado até agora, passou a apontar para uma variação nula do PIB nesse período.

Habitualmente, considera-se que um país está em recessão técnica quando o seu PIB regista dois trimestres consecutivos de variação do PIB em cadeia, pelo que a Alemanha, graças a esta ligeira correcção em alta no valor estimado para o terceiro trimestre, conseguiu escapar à tangente dessa classificação.

Os dados para o total do ano mostram que o desempenho fraco da economia alemã se deveu, em larga medida, ao mau momento que vive a sua poderosa indústria. Este sector registou, de acordo com os dados conhecidos esta segunda-feira, uma contracção de 2% em 2023. A indústria alemã tem vindo a sofrer ao longo dos últimos dois anos com os aumentos de custo da energia, sentindo agora também dificuldades em lidar com o agravamento das taxas de juro.

O consumo privado também registou uma queda, de 0,8%, ao passo que a despesa pública, que nos anos anteriores tinha ajudado a manter a economia em terreno positivo, caiu 1,7% em 2023.

Este desempenho da maior economia europeia torna ainda mais evidente o risco de a economia da zona euro vir a apresentar igualmente uma contracção do PIB no quarto trimestre, o que, caso não seja feita uma revisão em alta do resultado do terceiro trimestre, poderá significar que esteve em recessão técnica na segunda metade de 2023.

No caso de Portugal, onde o PIB também caiu no terceiro trimestre, foram sentidos alguns sinais positivos na actividade económica nos últimos dois meses do ano, mas um cenário de recessão técnica não pode ainda ser posto de parte.

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