Baratas e percevejos no CAR do Jamor: “Tem de existir responsabilidade política”

Comissão de Atletas Olímpicos lamenta ter sabido da existência de falta de higiene nas instalações geridas pelo IPDJ pela comunicação social.

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O nadador Diogo Ribeiro é um dos atletas que residem no CAR Jamor Maria Abranches
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A Comissão de Atletas Olímpicos (CAO) e a Confederação do Desporto de Portugal (CDP) estão a acompanhar as denúncias de falta de higiene e o surgimento de baratas e de percevejos no Centro de Alto Rendimento (CAR) do Jamor, exigindo que sejam “tomadas medidas para resolver os problemas”. Após o PÚBLICO noticiar que a ASAE instaurou um processo de contra-ordenação por falta de higiene no refeitório do complexo gerido pelo IPDJ, a CDP considera que “tem de existir responsabilidade política na situação”.

Em declarações ao PÚBLICO, Daniel Monteiro, presidente da CDP, afirma que se a ASAE, “que é tutelada pelo Governo” e “tem como função principal fiscalizar e garantir as condições neste tipo de estabelecimentos”, reconhece “que há problemas de higiene, não pode vir o CAR ou o SEJD [secretário de Estado da Juventude e Desporto] desvalorizar”. “Tem de existir responsabilidade política na situação”, refere Daniel Monteiro.

O líder da confederação sublinha que este “é um problema grave, que tem de ser resolvido com responsabilidade”: “Não podemos meter a cabeça debaixo da areia para fingir que nada aconteceu. Não é um problema só de baratas. É um problema de intoxicações alimentares. Há todo um plano de prevenção de intoxicações, de higiene e de segurança que refeitórios e restaurantes têm de ter. Há um protocolo que tem de ser cumprido para que este tipo de situações não aconteça.”

Daniel Monteiro refere também que é “importante perceber quantos atletas existiam no CAR Jamor em 2014 e quantos existem em 2024. As condições foram-se degradando e isso levou a que os atletas continuassem apenas porque não têm outra alternativa”.

Já Diana Gomes afirmou ao PÚBLICO que a Comissão de Atletas Olímpicos está atenta “ao tema e, desde que foi tornado público”, tem “estado em contacto com os atletas que estão no projecto, lamentando que, tendo em conta a missão da CAO, não tenha tido conhecimento de qualquer problema antes de ter sido público”.

Diana Gomes lamentou igualmente que a comissão não tenha sido convidada para uma reunião de esclarecimentos agendada para quinta-feira, para a qual Vítor Pataco, presidente do IPDJ, convocou os “atletas e respectivos tutores” que residem no CAR do Jamor.

No sábado, em declarações à TSF, o presidente do IPDJ justificou a infestação no Jamor com o facto de o CAR estar “integrado na natureza”. Embora diga que não é “especialista em baratas”, Vítor Pataco acrescenta que a infestação no Jamor é de “baratas alemãs”, que “aparentemente nem prejudicam a saúde humana”.

Insistindo que o CAR do Jamor “não tem problemas de higiene”, o presidente do IPDJ garantiu que, apesar de 16 pessoas terem ficado doentes após um jantar no refeitório houve atletas que desmaiaram ou tiveram de ir ao hospital , isso “nada teve que ver com as refeições servidas”. O IPDJ, recorde-se, informou que entregou à “empresa de confecção de refeições a efectivação dos normais procedimentos de correcção, nomeadamente a avaliação bacteriológica das refeições do dia anterior”.

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