A Junta da Galiza diz que o derrame de pellets de plástico que têm afectado a costa não se compara à catástrofe do Prestige, assinalando que a quantidade de microplástico que caiu ao mar é muito menor do que as toneladas de fuelóleo derramadas em 2002.
Ao PÚBLICO, o governo autonómico galego refere que no incidente do Prestige foram derramadas no oceano mais de 70.000 toneladas de fuelóleo, enquanto a carga das minúsculas esferas de plástico agora perdida, apesar de corresponder a milhões de grânulos espalhados pelo mar, é de “pouco mais de 26 toneladas”, acusando a oposição de empolar o episódio para “obter lucro político”.
A cerca de um mês das eleições autonómicas, a Junta da Galiza, liderada pelo Partido Popular (PP), acusa mesmo a esquerda de estar “claramente a mentir e até a deturpar e manipular imagens para tentar ampliar o episódio”, acrescentando que é uma “forma de agir totalmente repreensível e que vai contra os interesses dos galegos”.
Garantindo que está a “trabalhar rigorosa e intensamente para travar este episódio”, a Junta sublinha que tem actualmente mais de “300 efectivos a trabalhar em cerca de 60 praias de 32 concelhos”, estando a monitorizar a situação em permanência, informando aos municípios os “avisos de chegada do material à costa”.
Aos cidadãos que, pelos próprios meios, têm estado nas praias a recolher o material poluente nas praias galegas – e que já foi encontrado em praias portuguesas – a Junta recomenda que as esferas de plástico devem ser depositadas em “sacos com nós (preferencialmente pretos) e separados dos restantes resíduos”.
Depois disso, os voluntários devem contactar o município da comunidade autonómica em questão e levar os grânulos ao local indicado, “evitando depositá-los nos contentores de recolha de resíduos urbanos”. Aí, o material recolhido será avaliado e a informação será transmitida “à empresa responsável pelo derrame”.
A Junta indica que, neste momento, o material plástico “encontra-se armazenado nas referidas instalações” dos municípios, transferindo-se “para um armazém intermédio, onde permanece depositado para garantir o controlo das quantidades recuperadas”.
Junta exige acção do Governo central
Apesar de já ter operacionais do terreno, o governo autonómico exige que o Governo central “exerça as suas competências e active o plano nacional de combate aos episódios de poluição marinha, tendo em conta que este é um episódio que ultrapassa as águas da Galiza e já está a afectar outras comunidades como as Astúrias, a Cantábria e o País Basco”, acrescentando que os sacos de grânulos devem ser recolhidos no mar – onde a competência é do Estado – para “evitar que cheguem à costa e agravem o problema”.
A Junta da Galiza refere também que tem estado em contacto com o sector das pescas “desde o início” do incidente, pedindo “calma para evitar que mensagens alarmistas provocassem uma diminuição do consumo de produtos do mar e um impacto económico significativo”, reconhecendo, contudo, que a descarga do microplástico “pode ter impacto” nos “sectores marítimo, das pescas e turístico”.