John Kerry, enviado climático dos EUA, vai abandonar o governo Biden

A decisão de John Kerry, de 80 anos, surge um mês após desempenhar um papel relevante no acordo internacional negociado durante a COP28, no Dubai, para que as nações abandonem os combustíveis fósseis.

Foto
John Kerry, defensor de longa data das questões climáticas, foi um dos primeiros altos funcionários que Joe Biden nomeou após vencer as eleições presidenciais de 2020 Reuters/TOM BRENNER
Ouça este artigo
00:00
03:06

Exclusivo Gostaria de Ouvir? Assine já

John Kerry, ex-senador e ex-secretário de Estado norte-americano, vai deixar o cargo de enviado especial do Presidente Joe Biden para o clima. Kerry abandona a posição ao fim de três anos, mas vai apoiar Biden na campanha de reeleição, disseram duas fontes da administração no sábado.

A decisão de Kerry, de 80 anos, surge um mês depois de ter desempenhado um papel fundamental na mediação de um acordo internacional, anunciado durante a COP28 no Dubai, para que as nações de todo o mundo abandonem os combustíveis fósseis.

John Kerry comunicou a decisão à equipa no sábado, depois de ter falado com Biden na última quarta-feira, disse à Reuters uma das fontes familiarizadas com a situação, falando sob condição de anonimato. A administração não tomou nenhuma decisão sobre quem pode ser escolhido para substituir Kerry, disse a fonte. As fontes disseram que Kerry deixaria o cargo no final deste Inverno.

Como secretário de Estado do ex-presidente democrata Barack Obama, John Kerry também ajudou a intermediar o acordo climático de Paris, em 2015, no qual as nações se comprometeram a tomar medidas para combater as mudanças climáticas. Kerry já foi senador democrata de Massachusetts e foi o candidato presidencial do seu partido em 2004, perdendo para o candidato republicano George W. Bush. O canal noticioso Axios foi o primeiro a noticiar os planos de Kerry.

Defensor de longa data das questões climáticas, Kerry foi um dos primeiros altos funcionários que Biden nomeou após vencer as eleições presidenciais de 2020. Biden, que busca a reeleição em Novembro, encarregou Kerry de restaurar a posição cimeira dos Estados Unidos (EUA) nas negociações internacionais sobre o clima. Recorde-se que o ex-presidente republicano Donald Trump retirou o país do acordo de Paris.

Kerry, cuja nomeação como enviado especial para as alterações climáticas não exigiu a confirmação do Senado dos EUA, tem um lugar no Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca. É a primeira vez que funcionário desse órgão está dedicado à questão climática.

Em entrevista à Reuters, em Dezembro, após a COP28, John Kerry disse que ainda não se tinha decidido sobre o seu futuro, mas afirmou que, aconteça o que acontecer, não tiraria os olhos da defesa do clima. "Continuarei enquanto Deus me der fôlego, e trabalharei nisso de uma forma ou de outra", disse sobre a crise climática.

China nomeia novo enviado para o clima

Entre as principais prioridades de Kerry como enviado especial de Biden estava a manutenção de laços diplomáticos com a China em matéria de alterações climáticas, mesmo quando muitas outras tensões políticas e comerciais fervilhavam.

Kerry e o seu homólogo chinês, Xie Zhenhua, foram fundamentais para conseguir que quase 200 países aceitassem o Acordo de Paris. Os dois trabalharam em algumas das questões mais espinhosas, como a questão de saber se os países em desenvolvimento devem ser responsáveis pela redução das emissões e como os países devem comprometer-se a abandonar o uso de combustíveis fósseis.

Na sexta-feira, a China anunciou a nomeação de Liu Zhenmin, antigo vice-ministro dos Negócios Estrangeiros, como novo enviado especial para as alterações climáticas, depois de Xie, de 74 anos, se ter demitido por motivos de saúde.