Arguidos condenados a pena suspensa no caso da morte de Sara Carreira

Três dos quatro arguidos envolvidos no acidente que provocou a morte da cantora, em Dezembro de 2020, foram esta sexta-feira condenados a prisão com pena suspensa.

Foto
Ivo Lucas, que conduzia o carro que provocou a morte da cantora, na chegada ao tribunal de Santarém LUSA/Paulo Cunha
Ouça este artigo
00:00
05:17

Exclusivo Gostaria de Ouvir? Assine já

Três dos quatro arguidos envolvidos no acidente que provocou a morte da cantora Sara Carreira, no dia 5 de Dezembro de 2020, na A1, foram esta sexta-feira condenados a prisão com pena suspensa. A sentença foi lida esta manhã no Tribunal de Santarém.

Ivo Lucas, que conduzia o carro que provocou a morte da cantora, foi condenado a uma pena suspensa de dois anos e quatro meses de prisão e Paulo Neves a três anos e quatro meses, avança a Rádio Renascença (RR). Ambos estavam acusados de homicídio negligente grosseiro.

A fadista Cristina Branco, que estava acusada de homicídio por negligência, foi condenada a uma pensa suspensa de um ano e quatro meses. Os três foram ainda condenados à inibição de conduzir - no caso por de Paulo Neves por dois anos, no caso do Ivo Lucas por um ano e, no que respeita a Cristina Branco, por nove meses.

Já Tiago Pacheco, o quarto arguido envolvido no acidente, foi condenado por condução perigosa: ficará inibido de conduzir durante cinco meses e terá pagar uma multa de 150 dias à taxa diária de 7 euros.

Na leitura da sentença a juíza Marisa Dias Ginja considerou que Paulo Neves, Ivo Lucas e Cristina Branco “contribuíram para o resultado” do acidente por terem assumido condutas como a omissão do dever de prestar cuidados, além de “condução desatenta”, “distracção” e até “desleixo”, incumprindo com as regras de circulação rodoviária.

“Foram os três arguidos que, ao omitirem os deveres de cuidados, deram origem à morte da Sara”, afirmou a juíza, acrescentando que o acidente resultou de “Paulo Neves conduzir demasiado devagar e com álcool no sangue, de Cristina Branco não ter mantido a distância necessária e de Ivo Luvas conduzir na via central e em velocidade superior” à permitida por lei.

À saída do tribunal, o advogado de Ivo Lucas, Rodrigue Devillet Lima, admitiu recorrer da sentença. "A meritíssima fez o que podia, era um caso difícil de julgar. Eu, pessoalmente, acho que a conclusão está errada então muito provavelmente, e eu ainda não li a sentença, mas tendo em conta o que acho que aconteceu no julgamento, a minha impressão é que vou recorrer", disse.

A advogada Carla Afonso, defensora da fadista Cristina Branco, e o advogado João Grade, defensor de Tiago Pacheco, também admitiram recorrer da decisão.

Tony Carreira insatisfeito com sentença

O cantor Tony Carreira disse que não vai recorrer da sentença que condenou a penas suspensas três arguidos do caso do acidente que vitimou a filha, apesar de estar insatisfeito com a decisão do Tribunal de Santarém.

"Na vida real toda a gente vai para casa, ninguém vai preso", afirmou, à saída do tribunal. Em declarações aos jornalistas, o cantor acusou os arguidos de adoptarem "uma táctica de advogados", acusando-os de jogar "a carta da amnésia" para dizerem "aquilo que lhe dá mais jeito".

Referindo-se directamente a Paulo Neves, que conduzia sob o efeito de álcool, o cantor admitiu que não entendeu a intenção do Ministério Público em "ilibar uma pessoa que ia bêbeda e que ia a 28 km/h", tal como veio a ser reconhecido no julgamento.

"Para mim é o maior culpado deste filme todo", afirmou ainda. "Hoje vou virar a página, aconteça o que acontecer não volto cá mais. Para ser sincero nem ouvi as penas".

Sobre o acidente, o cantor reforçou o facto de o tribunal considerar provado que a estrada onde ocorreu o acidente não apresentava problemas de visibilidade e criticou a GNR por ter realizado o teste de alcoolemia ao arguido Paulo Neves quatro horas depois do acidente.

Acidente aconteceu em Dezembro de 2020

Nas alegações finais, o Ministério Público (MP) já tinha pedido penas suspensas, todas inferiores a cinco anos, para os três arguidos acusados de homicídio.

“Todos eles, com as suas condutas, criaram as condições que levaram à morte de Sara [Carreira]", afirmou o procurador no Tribunal Judicial de Santarém, durante as alegações finais do julgamento em que são arguidos Paulo Neves, que conduzia alcoolizado e abaixo do limite de velocidade permitido por lei, Cristina Branco, que embateu na viatura deste, o cantor Ivo Lucas, que viajava com Sara Carreira e chocou com o carro da fadista, e Tiago Pacheco, que embateu no carro conduzido por Ivo Lucas.

Do acidente, ocorrido em 5 de Dezembro de 2020, na Auto-estrada 1, na zona de Santarém, resultou a morte da cantora Sara Carreira, tendo Paulo Neves e Ivo Lucas sido acusados do crime de homicídio por negligência grosseira, Cristina Branco do crime de homicídio por negligência e Tiago Pacheco por condução perigosa.

Segundo a descrição do acidente, a viatura de Cristina Branco embateu, cerca das 18h30, no veículo de Paulo Neves, que circulava na faixa da direita, a uma velocidade inferior à mínima permitida por lei (50 Km/h) e depois de ter ingerido bebidas alcoólicas.

A viatura de Cristina Branco embateu, de seguida, na guarda lateral direita, rodando e imobilizando-se na faixa central da A1. Apesar de ter ligado as luzes indicadoras de perigo, a fadista, que abandonou a viatura na companhia da filha, foi acusada pelo MP de não ter feito a pré-sinalização de perigo.

Ivo Lucas, por sua vez, embateu contra o carro da fadista. O cantor disse não se ter apercebido do impacto e só ter consciência a partir do momento em que se encontrava "a atravessar a estrada, sem t-shirt e com o braço todo desfigurado”.

No acidente esteve ainda envolvido Tiago Pacheco, que seguia pela via central da A1 em excesso de velocidade, não conseguindo desviar-se da viatura de Ivo Lucas. O julgamento arrancou em 24 de Outubro do ano passado. Com Lusa

Sugerir correcção
Ler 8 comentários