Manuel Alegre vai ser presidente honorário do PS por proposta de Pedro Nuno Santos e Carlos César

A proposta vai ser votada no sábado, em Coimbra, na primeira reunião da Comissão Nacional após o congresso nacional do partido.

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Manuel Alegre nasceu em Águeda há 87 anos Daniel Rocha
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O "histórico" socialista e actual membro do Conselho de Estado Manuel Alegre vai ser presidente honorário do PS na sequência de uma proposta do secretário-geral, Pedro Nuno Santos, e do presidente do partido, Carlos César.

A proposta do líder e do presidente do PS vai ser votada no sábado, em Coimbra, na primeira reunião da Comissão Nacional após o recente congresso nacional do partido, que se realizou na Feira Internacional de Lisboa.

No seu longo percurso político, o escritor e poeta Manuel Alegre, que se destacou na luta contra o regime do Estado Novo, entrou para o PS em 1974, foi secretário de Estado de Mário Soares, deputado em várias legislaturas e candidato presidencial nas eleições de 2006 e 2011, em que perdeu diante de Aníbal Cavaco Silva.

Antes de Manuel Alegre, o PS teve como presidente honorário António de Almeida Santos, antigo ministro de Mário Soares e presidente da Assembleia da República entre 1995 e 2002. Na recente corrida à sucessão de António Costa no cargo de secretário-geral do PS, Manuel Alegre apoiou a candidatura vencedora, de Pedro Nuno Santos.

No plano político, sobretudo desde o início da década de 90, Manuel Alegre defendeu que o PS deveria ter entendimentos preferenciais com as forças políticas à sua esquerda. Após as eleições legislativas de 2015, apoiou que o então secretário-geral do PS, António Costa, formasse o Governo socialista minoritário da "geringonça", suportado no Parlamento por Bloco de Esquerda, PCP e PEV.

Actualmente com 87 anos, o escritor e "histórico" socialista nasceu em Águeda, foi estudante universitário em Coimbra e admitiu vir a ser advogado, mas a luta académica afastou-o desse seu objectivo de juventude.

Foi o fado, a boémia, o teatro, através da fundação do CITAC — Centro de Iniciação Teatral da Academia de Coimbra — e do TEUC — Teatro de Estudantes da Universidade de Coimbra —, as serenatas e a contestação que acabaram por ter, nessa altura, a primazia na vida de Manuel Alegre.

Data da época coimbrã o seu célebre livro Praça da Canção, cujos poemas foram musicados e cantados por Adriano Correia de Oliveira, Manuel Freire, Zeca Afonso, Amália Rodrigues e tantos outros, passando a canções panfletárias de revolta e contestação, como Nambuangongo, meu amor e Trova do vento que passa.

Fez serviço militar, foi mobilizado para a guerra colonial em Angola, esteve na prisão, teve residência fixa, esteve na clandestinidade e no exílio em Paris e na Argélia durante o Estado Novo.

Manuel Alegre, que regressou a Portugal em 2 de Maio de 1974, após a revolução de Abril, começou por fundar os "Centros Populares 25 de Abril" e acabou por aderir ainda nesse ano ao PS.

Em 25 de Novembro de 1975, fez a ponte entre o PS e o "Grupo dos Nove" e, em 1976, estabeleceu o primeiro contacto com o general Ramalho Eanes para que este fosse candidato presidencial.

Deputado constituinte em 1975, pelo grupo parlamentar socialista, desempenhou as funções de secretário de Estado da Comunicação Social no I Governo Constitucional, de que foi porta-voz, tendo sido eleito em Outubro de 1995 vice-presidente da Assembleia da República.

Foi deputado ao longo de 34 anos, em 2004 candidatou-se a secretário-geral do PS, mas perdeu diante de José Sócrates. Entre 2005 e 2016, foi membro do Conselho de Estado, eleito pela Assembleia da República, em representação do PS, lugar que retomou em 2022.