Depois de Angola, Galp volta-se para o petróleo da Namíbia

A petrolífera anunciou a descoberta de petróleo leve nas águas da bacia de Orange, junto à fronteira com a África do Sul, mas ainda tem de confirmar a viabilidade comercial.

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A Galp é presidida por Filipe Silva LUSA/JOSÉ COELHO
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As anunciadas metas de atingir a neutralidade carbónica em 2050 e de investir em renováveis não impedem a Galp de continuar a aprofundar o seu principal negócio.

A petrolífera confirmou nesta quarta-feira que encontrou petróleo num projecto de exploração que se estende por quase dez mil km2 na bacia de Orange, ao sul das águas da Namíbia.

A Galp, dona de 80% do projecto e que tem como parceiras a namibiana Custos Energy e a Namcor (petrolífera estatal da Namíbia) com 10% cada, anunciou a 2 de Janeiro que os trabalhos de exploração no poço de exploração Mopane-1X, no bloco PEL83, haviam identificado a presença de hidrocarbonetos. Agora, veio confirmar “a descoberta de uma coluna significativa de petróleo leve”.

Num comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), a petrolífera presidida por Filipe Silva informa que irá continuar a avaliar os resultados preliminares desta primeira descoberta no bloco offshore e que deverá realizar nas próximas semanas um furo que permita confirmar se a descoberta tem viabilidade comercial.

A Galp acordou com o Governo namibiano a licença de exploração petrolífera nesta área junto à fronteira com a África do Sul em 2016 e revela que, depois deste primeiro poço, irá avançar com os trabalhos em áreas adjacentes para avaliar a extensão da descoberta na área de Mopane.

Em campanhas anteriores na Namíbia, nomeadamente na bacia de Walvis, a petrolífera teve menos sucesso, tendo anunciado o abandono desses projectos de exploração em 2013, depois de ter concluído que as quantidades encontradas não eram suficientes para serem exploradas comercialmente.

As acções da Galp (de que o Estado português é o segundo maior accionista indirecto, através da Parpública, com 7% do capital) reagiram em alta ao anúncio: a meio da manhã, os títulos da petrolífera estavam a subir mais de 6%, para 14,71 euros, na bolsa de Lisboa.

A Galp é detida em 35,76% pela Amorim Energia, que é uma parceria entre o Grupo Amorim (55%) e a Esperaza (45%), propriedade da petrolífera estatal angolana Sonangol.

A confirmar-se o potencial comercial desta descoberta na Namíbia, a Galp continuará a ter uma actividade significativa no petróleo africano, depois de ter anunciado o desinvestimento nos activos angolanos, no início de 2023. A Galp vendeu o negócio de produção de petróleo à empresa angolana Somoil, esperando proveitos na ordem dos 777 milhões de euros com o negócio.

Os principais projectos petrolíferos da Galp têm sido desenvolvidos na costa brasileira, nos últimos 20 anos. Além disso, a petrolífera participa em projectos de exploração de gás natural em Moçambique, aliada a gigantes como a Eni e Exxon Mobil.

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