Um Europeu de andebol com os favoritos do costume

França, Dinamarca e Suécia são os principais candidatos ao título. As ambições portuguesas passam por melhorar o sexto lugar de 2020 e continuar a sonhar com Paris 2024.

Foto
A Suécia é a actual detentora do título europeu EPA/Adam Ihse
Ouça este artigo
00:00
04:32

Aconteça o que acontecer no Europeu de andebol, que se inicia nesta quarta-feira com organização alemã, vai fazer-se história. Cerca de 54 mil pessoas vão assistir ao vivo ao Alemanha-Suíça na jornada de abertura do torneio a contar para o Grupo A da fase preliminar, todas elas acomodadas nas bancadas do Market Spiel-Arena, recinto que costuma receber jogos de futebol e que já teve um festival da Eurovisão - será um novo recorde de assistência para um jogo de andebol por mais de dez mil. Já se sabia que os alemães eram loucos por andebol (e a Bundesliga é considerada a melhor liga do mundo), mas elevaram esta loucura a todo um outro nível: os bilhetes já estão esgotados há 118 dias e, a um mês do início da competição, 75% dos ingressos já estavam vendidos.

Não haverá falta de público nesta 16.ª edição do Europeu de andebol, que se inicia nesta quarta-feira com dois jogos (França-Macedónia do Norte e Alemanha-Suíça) e que se vai prolongar até 24 deste mês. E não há falta de candidatos para ficar com o título, mas não é a única coisa que está em jogo: como este é um Europeu em ano olímpico, também se joga por Paris 2024. Haverá um lugar garantido para quem ganhar (sendo que França e Dinamarca já estão qualificadas) e haverá mais duas vagas no torneio pré-olímpico de qualificação. Será este o objectivo principal da selecção portuguesa, o de manter vivo o sonho olímpico, depois de se ter estreado nos Jogos de Tóquio em 2021.

Na primeira linha dos favoritos estão os candidatos habituais e aqueles que andam quase sempre no pódio das grandes competições. A Dinamarca, um dos adversários de Portugal na primeira fase, apresenta-se neste Euro como tricampeã mundial e disposta a limpar a sua história menos brilhante no torneio continental – “só” ganhou duas vezes. Ainda terá duas das suas grandes figuras, o guarda-redes Niklas Landin Johansen e o lateral-esquerdo Mikkel Hansen, por muitos considerado como o melhor andebolista de sempre – veremos como está Hansen, que fez uma pausa competitiva durante alguns meses em 2023.

Se há alguém que rivaliza com o lateral dinamarquês na conversa de melhor de sempre é o francês Nikola Karabatic, que, aos 40 anos, ainda é uma das figuras de uma selecção francesa sempre candidata a ganhar. O homem do PSG já anunciou que se irá retirar no final da época, mas só depois deste Europeu e dos Jogos Olímpicos. Os “bleus” terão, no entanto, um embate bastante complicado logo na primeira fase, precisamente frente à anfitriã Alemanha, que quer regressar aos títulos – foi campeã europeia pela última vez em 2016.

A Suécia também é um dos candidatos “clássicos” ao título. Foram campeões em 2022 numa final frente à Espanha decidida por um golo (27-26), aquele que foi o seu quinto título europeu – o central Jim Gotfridsson será a figura maior dos suecos. Também a Espanha está sempre na luta pelas medalhas. Nos últimos cinco europeus, a "roja", que terá o benfiquista Migallón e o sportinguista Gurri, foi quatro vezes à final, ganhou duas e, da vez que não foi ao jogo do título, ficou com o bronze. E selecções como Alemanha, Noruega, Sérvia, Islândia ou Eslovénia serão sempre candidatas a uma surpresa.

O sonho olímpico

Na sua oitava participação em Europeus, a selecção portuguesa tem a ambição de melhorar (ou, pelo menos, igualar) a sua melhor classificação de sempre, um sexto lugar alcançado em 2020, e, de caminho, chegar de novo ao torneio de qualificação olímpica. A selecção orientada por Paulo Jorge Pereira estabilizou num patamar que lhe permite sonhar alto – este é o sexto torneio consecutivo em que participa, entre Europeus, Mundiais e Jogos Olímpicos. “Em 2020, ninguém falava de qualificação olímpica. Agora, isso já está na agenda”, dizia o seleccionador nacional ao PÚBLICO há duas semanas.

Os jogos de preparação para este Europeu deixaram boas indicações de que Portugal está preparado para embates de maior exigência – foram duas derrotas competitivas com a Alemanha. Na fase preliminar, os adversários no Grupo F serão de dificuldade crescente: primeiro será a Grécia (11 de Janeiro), uma selecção estreante; depois, segue-se a República Checa (13 de Janeiro), que não tem grande historial na competição, mas tem jogadores com rodagem de liga alemã; a fechar a fase de grupos, Portugal enfrenta a Dinamarca (15 de Janeiro), que já ganhou tudo várias vezes.

Uma contrariedade de última hora para Paulo Jorge Pereira é a indisponibilidade de Daymaro Salina. O experiente pivot do FC Porto é baixa por lesão e foi substituído por Fábio Silva, do Artística de Avanca, que ainda não tem qualquer internacionalização. Será, em teoria, a terceira opção para a posição, atrás de Luís Frade (Barcelona) e Ricardo Brandão (Cangas).

Sugerir correcção
Comentar