Polícias continuam protesto com concentrações e carros parados

“Atingimos uns milhares de pessoas no geral. Só Porto e Lisboa concentraram mais de 1000”, diz presidente da Associação Sindical dos Profissionais da Polícia, enfatizando que o “protesto é espontâneo”

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Polícias reivindicam melhores condições salariais e de trabalho e suplemento de missão atribuído à PJ Nelson Garrido (arquivo)
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O protesto de polícias, que se iniciou ao fim da tarde desta segunda-feira, continua nesta manhã a mobilizar elementos da PSP em frente ao Parlamento, em Lisboa, depois de ter juntado, durante a noite, algumas centenas naquele local e noutros pontos do país, como aconteceu também em frente à Câmara do Porto. Vários comandos pararam as viaturas e disseram estar inoperacionais.

Em declarações à agência Lusa, o presidente da Associação Sindical dos Profissionais da Polícia, Paulo Santos, disse que às 2h00 desta terça-feira se mantinham algumas dezenas de elementos concentrados na cidade do Porto, em frente à câmara municipal, onde chegaram a estar mais de 300 pessoas.

O responsável lembrou que o protesto é espontâneo, não tendo sido organizado por qualquer sindicato, e disse ter havido uma mobilização de dezenas de comandos para este protesto, que levou ainda à paragem de dezenas de viaturas em vários comandos.

Os polícias reivindicam melhores condições salariais e de trabalho, mas o que os pôs em pé de guerra foi mesmo o aumento de um suplemento de missão na Polícia Judiciária (PJ), aprovado pelo Governo em 29 de Novembro, que, nalguns casos, pode significar um acréscimo de 664 euros na remuneração mensal e que deixou as restantes forças de segurança de fora, multiplicando-se as exigências de um tratamento igual. ​Os polícias consideram que há um “tratamento desigual e discriminatório”.

A mobilização para este protesto de comandos como Braga, Faro e até Açores e que elementos de locais como Caldas da Rainha, Leiria e Castelo Branco juntaram-se à concentração junto à Assembleia da República, em Lisboa, onde pelas 8h45 estavam pelo menos mais de uma dezena. Atingimos uns milhares de pessoas no geral. Só Porto e Lisboa concentraram mais de 1000 pessoas, afirmou Paulo Santos.

O protesto envolveu a paragem, desde segunda-feira, de vários carros de patrulha da PSP de diversos comandos, tendo começado no Comando Metropolitano de Lisboa.

A plataforma de sindicatos da PSP e associações da GNR decidiu organizar a 31 de Janeiro uma concentração em várias zonas do país para exigir o pagamento de um suplemento de missão, tal como tem a PJ.

O responsável admitiu ainda que, noutros pontos do país, também possam estar a acontecer concentrações, mas sublinhou: “é um protesto espontâneo e o que posso dizer é que levo quase 23 anos na polícia e que se nota muita predisposição, muita naturalidade e muita vontade [dos agentes] em estarem presentes nestas iniciativas”.

Questionado pela Lusa sobre se ainda contava ter alguma resposta de um governo já em gestão, Paulo Santos respondeu: “O governo de gestão, pelo menos por aquilo que tenho percebido, não está impossibilitado de dar passos políticos”.

“Está obviamente numa situação de gestão, condicionado nalgumas situações, mas tem disponibilidade política para ouvir as estruturas, para ouvir os profissionais e até para dar resposta, desde que o Presidente da República não considere que aquela medida coloca em causa a própria estabilidade do país”, afirmou.

Paulo Santos referiu ainda que, com este protesto, os polícias querem passar uma mensagem também para o futuro Governo: “Pelo menos coloquem a questão da segurança interna na agenda”.