Criminosos invadem televisão no Equador. Presidente declara “conflito armado interno”

País da América do Sul tomado por confrontos entre grupos rivais de narcotraficantes e entre estes e as autoridades.

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Transmissão da televisão do Equador interrompida por criminosos armados DR
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O Presidente do Equador, Daniel Noboa, declarou nesta terça-feira que o país sul-americano enfrenta um "conflito armado interno" depois de um grupo de homens armados invadiu nesta terça-feira os estúdios da televisão pública do Equador na cidade de Guayaquil, interrompendo a emissão em directo. As autoridades terão entretanto conseguido reassumir o controlo da televisão pública, capturando vários atacantes.

"Ordenei às Forças Armadas que executem operações militares para neutralizar estes grupos", declarou Noboa, referindo-se a 22 grupos agora designados pelo Governo como "organizações criminosas e actores não estatais beligerantes".

Na véspera, o Presidente tinha já decretado o estado de emergência naquele país da América do Sul, a braços com uma grave crise de criminalidade protagonizada por grupos de narcotraficantes. Noboa, eleito em Outubro, declarou que o estado de emergência vigorará durante pelo menos 60 dias, permitindo às Forças Armadas equatorianas patrulhar as ruas, controlar as prisões e implementar um recolher obrigatório durante a noite.

A Reuters indica que há uma presença militar visível em torno de edifícios do Governo no centro da capital Quito.

A medida fora decretada em resposta à aparente fuga de Adolfo Macias, líder do grupo criminosos Los Choneros, de uma prisão onde cumpria uma pena de 34 anos, e a uma explosão de violência nos últimos dias. Há notícia do rapto de pelo menos sete agentes da polícia, de explosões em várias localidades e de ataques a estabelecimentos comerciais e universidades.

A violência extrema tomou conta do Equador nos últimos anos. Vários grupos criminosos, incluindo Los Choneros e duas organizações dissidentes, Los Lobos e Los Tiguerones, disputam entre si o controlo do tráfico de cocaína, que tem no porto de Guayaquil um dos principais pontos de escoamento de droga para os mercados internacionais - sobretudo para os Estados Unidos. Estes grupos, visados na declaração de "conflito armado interno" de Noboa, têm ligações a diferentes organizações mexicanas de narcotráfico.

Em 2021, o então Presidente Guillermo Lasso decretou sucessivos estados de emergência e mobilizou as Forças Armadas para responder a uma série de massacres nas prisões equatorianas, palco de alguns dos mais violentos confrontos entre os narcotraficantes. No entanto, a onda de violência não só não foi travada como engoliu o país. Em 2023, uma das suas vítimas foi o candidato presidencial Fernando Villavicencio, assassinado enquanto fazia campanha contra o narcotráfico e a corrupção.