Sonda indiana que vai estudar o Sol já chegou ao destino final

Lançada pela Organização de Investigação Espacial Indiana em Setembro, a sonda posicionou-se no primeiro ponto de Lagrange, a 1,5 milhões de quilómetros da Terra.

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Preparação para o lançamento do satélite Aditya-L1 EPA/ISRO HANDOUT

A sonda espacial indiana Aditya-L1, que vai estudar o Sol, chegou este sábado ao destino final, a 1,5 milhões de quilómetros da Terra, anunciou o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi.

"A Índia criou mais um momento histórico. O primeiro observatório solar da Índia, Aditya-L1, chegou ao seu destino", declarou o primeiro-ministro nas redes sociais, citado pela agência espanhola EFE.

Lançada pela Organização de Investigação Espacial Indiana (ISRO) em Setembro de 2023, a sonda posicionou-se no primeiro ponto de Lagrange (L1), escolhido por ser gravitacionalmente estável, uma vez que as forças gravitacionais da Terra e do Sol se anulam mutuamente.

O primeiro-ministro indiano afirmou que o país asiático continuará a explorar "novas fronteiras da ciência em benefício da humanidade". O objectivo da missão, bem-sucedida e no momento em que a Índia se prepara para a primeira missão tripulada ao espaço, em 2025, é observar o Sol sem ser afectada por eclipses ou ocultações.

A sonda tem sete instrumentos para examinar as camadas mais externas do Sol, utilizando detectores electromagnéticos e de partículas e campos magnéticos. A ISRO prevê que a Aditya-L1 permaneça em funcionamento durante cerca de cinco anos.

No dia 6 de Dezembro, a sonda captou as primeiras imagens, incluindo as primeiras representações em disco completo do Sol com comprimentos de onda entre 200 e 400 nanómetros.

O satélite percorreu aproximadamente 1,5 milhões de quilómetros (930 mil milhas) ao longo de quatro meses, apenas uma fracção da distância entre a Terra e o Sol.

Baptizada com o nome da palavra hindi para sol, esta missão segue a recente conquista da Índia de ser o primeiro país a pousar com sucesso no pólo sul da Lua, ultrapassando a fracassada Luna-25, da Rússia, com a missão Chandrayaan-3, que pousou naquele inexplorado território em Agosto do ano passado.

Os cientistas envolvidos no projecto pretendem obter informações sobre o impacto da radiação solar no número crescente de satélites em órbita, com foco particular em fenómenos que afectam projectos como a rede de comunicações Starlink, de Elon Musk.

“Precisamos de saber mais sobre o Sol porque ele controla o clima espacial”, disse Manish Purohit, antigo cientista da ISRO.

A órbita baixa da Terra ficará “sobrelotada" nos próximos anos.“Os satélites vão-se tornar no principal suporte de toda a tecnologia na Terra, com conectividade à Internet, sistema de alerta de desastres, utilização de recursos e muito mais aplicações”, disse Purohit.

Com esta missão, a Índia junta-se a um grupo restrito de países que enviaram sondas para estudar o Sol, incluindo a China, os Estados Unidos, o Japão, a antiga Alemanha Ocidental (em colaboração com a NASA) e a Agência Espacial Europeia (ESA).

A sonda European Solar Orbiter, lançada em Fevereiro de 2020, estuda o Sol a apenas 48 milhões de quilómetros da estrela, enquanto a Parker Solar Probe, da NASA, fez história em 2021 ao voar através da atmosfera superior do Sol (a coroa).

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