Rússia atacou Ucrânia com mísseis norte-coreanos, diz a Casa Branca

“A Rússia está a depender dos amigos para conseguir restaurar as suas reservas militares e permitir a guerra contra a Ucrânia”, defende John Kirby, pedindo ao Congresso para desbloquear novos apoios.

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Kim Jong-un e Vladimir Putin Reuters/POOL

A Rússia usou mísseis balísticos fornecidos pela Coreia do Norte para atacar a Ucrânia: a acusação partiu da Casa Branca, que acrescenta que Moscovo está a negociar com o Irão a compra de mísseis balísticos de curto alcance.

“Devido, em parte, às nossas sanções, a Rússia tem ficado cada vez mais isolada no palco internacional e tem sido obrigada a olhar para Estados semelhantes para conseguir equipamento militar”, começou por dizer John Kirby, porta-voz do Conselho de Segurança Nacional dos EUA, numa conferência de imprensa na quinta-feira.

O responsável aproveitou para detalhar os ataques russos com recurso a armamento norte-coreano: a 30 de Dezembro, o míssil lançado pela Rússia caiu num campo aberto, não atingido edifícios nem causando ferimentos a civis. Poucos dias depois, a 2 de Janeiro, as forças de Moscovo lançaram vários mísseis de fabrico norte-coreano contra a Ucrânia. O impacto deste segundo ataque está ainda a ser avaliado.

“A Rússia está a depender dos amigos para conseguir restaurar as suas reservas militares e permitir a guerra contra a Ucrânia”, prosseguiu Kirby. “Irão [e Coreia do Norte] estão com a Rússia. Os ucranianos merecem saber que o povo norte-americano e este Governo vão continuar a apoiá-los”, prometeu.

Poucas horas após o anúncio norte-americano, o líder da Coreia do Norte, Kim Jong-un, intensificou a produção de lançadores de mísseis. Em Setembro, o ditador visitou a Rússia para discutir uma potencial cooperação militar entre as duas nações.

O Reino Unido condenou o uso de armamento norte-coreano, através de um porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros. Os britânicos consideram a parceria um “sinal de desespero” russo, pedindo ao regime de Kim Jong-un um ponto final na cedência de equipamentos militares.

Apesar de os Estados Unidos terem já acusado a Rússia de usar armamento norte-coreano, esta é a primeira vez que foram detalhados pormenores sobre o tipo de equipamento usado por Moscovo. De acordo com John Kirby, Moscovo tem à sua disposição rockets teleguiados que podem atingir alvos a 900 quilómetros de distância.

De acordo com a BBC, a Rússia negou qualquer colaboração com a Coreia do Norte.

“Vamos exigir que a Rússia seja responsabilizada por violar novamente as suas obrigações internacionais”, garantiu o responsável norte-americano, considerando que esta cooperação viola a lei internacional. Em resposta a isto, Kirby pede ao Congresso que sejam desbloqueados novos fundos para ajudar Kiev na luta contra a agressão russa.

“A resposta mais efectiva à violência russa dirigida contra o povo ucraniano é continuar a providenciar à Ucrânia capacidades vitais de defesa aérea e outro tipo de equipamentos militares”, resume Kirby.

O último pacote militar norte-americano de apoio à Ucrânia foi aprovado a 27 de Dezembro e teve um valor global de aproximadamente 226 milhões de euros.

Rússia avança a leste e Ucrânia ataca Crimeia

No campo de batalha, a Rússia parece estar a fazer ganhos sustentados na última semana. A informação é avançada pelos serviços secretos britânicos esta sexta-feira, avançando-se que Moscovo conseguiu consolidar os ganhos conseguidos junto à região de Marinka em Dezembro de 2023. A Rússia afirma também que a sua defesa aérea abateu dezenas de drones ucranianos na Crimeia ocupada e no Sul da Rússia, na sexta-feira, enquanto Kiev prosseguia a sua estratégia de atacar a península anexada a Moscovo, noticia a Associated Press.

Responsáveis ucranianos, citados pelo jornal The Guardian, dizem ter causado “graves danos” ao sistema de defesa russo que está instalado na Crimeia durante os ataques levados a cabo na quinta-feira. “Não foi apenas um posto de comando que foi atingido. Nas últimas 24 horas foram realizados exercícios, que provocaram danos graves no sistema de defesa da península da Crimeia”, afirmou Natalia Gumeniuk, porta-voz das forças de defesa do Sul da Ucrânia. Nas redes sociais, Mikola Oleshchuk, um comandante da Força Aérea da Ucrânia, congratulou mesmo os militares de Kiev: “Obrigado aos pilotos da Força Aérea e a todos os que planearam a operação, pelo trabalho de combate perfeito.”

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