A Ryanair conseguiu finalmente que várias agências online removessem os seus voos, mas isso vai custar à companhia aérea a venda de muitos bilhetes no curto prazo.
Sites Booking.com, Kayak e Kiwi, todos parte do mesmo grupo, deixaram abruptamente de vender voos da Ryanair em Dezembro, divulgou esta quarta-feira a companhia aérea irlandesa de voos de baixo custo.
A decisão deverá levar à redução das taxas de ocupação a curto prazo, ou seja, o rácio de lugares ocupados num avião, até 2% em Dezembro e Janeiro, segundo a própria Ryanair.
Por outro lado, os preços também poderão baixar, destaca a combativa empresa, uma vez que a Ryanair reduz as tarifas para encorajar os passageiros a reservarem directamente através do site da companhia aérea.
Esta é a mais recente manobra de uma longa disputa sobre o direito de terceiros a venderem lugares em voos da Ryanair.
As agências online acusam a Ryanair de abusar da sua posição dominante no mercado, perturbando os seus serviços. A companhia aérea, por seu turno, afirma que estes agentes cobram preços excessivos pelos voos e encoraja os passageiros a reservarem directamente no site da companhia.
A Ryanair considera não esperar que a remoção dos voos "afecte de modo relevante" os volumes de tráfego para o ano inteiro ou os lucros após impostos, uma vez que estes bilhetes representam apenas uma pequena parcela das suas reservas. A Ryanair confirmou anteriormente que o lucro para o ano deverá situar-se entre 1,85 e 2,05 mil milhões de euros.
As acções da Ryanair caíram 4,3% na quarta-feira após o aviso de quebra de vendas. No ano passado, registaram uma subida de 56%.
As taxas de ocupação são um importante factor para as companhias aéreas e para a rentabilidade de cada voo. A Ryanair afirma em comunicado que a taxa de ocupação em Dezembro foi, em média, de 91%, em comparação com 92% na mesma altura em 2022.
Até agora, não se sabe claramente por que razão, de facto, aquelas agências online decidiram retirar os voos da Ryanair. A decisão pode ser atribuída à pressão exercida por agências de defesa dos consumidores, à decisão do Supremo Tribunal irlandês contra a Flightbox [por copiar, de forma que se considerou ilegal, informação do site da Ryanair para uso de agências] ou a acções da própria Ryanair para proteger o seu site, segundo a própria companhia aérea.
A Ryanair tem estado envolvida em litígios com várias agências de viagens online, incluindo a On The Beach, que processou a companhia aérea em 2021 acusando-a de monopolizar o mercado dos serviços de reserva e de não permitir aos clientes uma escolha livre e justa. Uma decisão judicial em Outubro condenou a Ryanair a pagar mais de dois milhões de euros a provedores de serviços de férias por voos cancelados durante a pandemia.