Israel avança no interior de Gaza e reforça ataques no Centro e Sul

Israel prossegue ataques em Gaza. Hospitais da região sem condições para receber mais doentes.

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Tanque israelita dispara contra Gaza REUTERS/Amir Cohen
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As forças israelitas reforçaram as incursões no Centro e no Sul da Faixa de Gaza, neste sábado, com fortes ataques aéreos e de artilharia, segundo os residentes, dando continuidade a uma ofensiva mortífera que arrasou grande parte do enclave e que, segundo Israel, poderá durar mais meses. Forças palestinianas dizem que um soldado israelita que estava refém foi morto na sequência dos bombardeamentos sobre Gaza.

Os combates concentraram-se em al-Bureij, Nuseirat, Maghazi e Khan Younis, apoiados por intensos ataques aéreos que encheram os hospitais de palestinianos feridos. Os bombardeamentos mataram 165 pessoas e feriram outras 250 em Gaza nas últimas 24 horas, segundo as autoridades sanitárias do território dirigido pelo Hamas, em declarações à Reuters.

"A Força Aérea israelita, liderada pelas tropas terrestres, está a atacar as células terroristas e as infra-estruturas. A Marinha está a ajudar as tropas terrestres com apoio de fogo a partir do mar", disse um porta-voz militar em comunicado. "As tropas continuam a operar em diferentes áreas da Faixa e estão a travar batalhas ferozes com os terroristas", acrescentou.

O ministro da Defesa, Yoav Gallant, afirmou que estes alvos correspondem a centros de comando e depósitos de armas do Hamas. O Exército israelita já tinha adiantado na sexta-feira que destruiu túneis na cave de uma das casas de Yahya Sinwar, líder do Hamas em Gaza.

Só 13 hospitais recebem doentes em Gaza

No Hospital Nasser, em Khan Younis, a maior e mais importante instalação médica no Sul do minúsculo e povoado território, um vídeo do Crescente Vermelho mostrava os paramédicos a levarem um pequeno bebé coberto de pó para um hospital cheio de gente, enquanto um deles gritava "está a respirar, está a respirar".

De acordo com a Organização Mundial da Saúde, dos 36 hospitais que funcionavam na Faixa de Gaza antes de 7 de Outubro, apenas 13 continuam a receber utentes: nove no Sul e quatro no Norte.

Na região Norte, os poucos serviços de saúde ainda abertos alertam para a falta de profissionais de saúde, incluindo cirurgiões, e falta de medicamentos como antibióticos, anestésicos e analgésicos.

No Sul, onde está refugiada a maioria da população palestiniana, os hospitais estão sobrelotados, ultrapassando em várias vezes a sua capacidade, e enfrentam também escassez de equipamentos, combustível e outros bens essenciais.

As autoridades sanitárias de Gaza pediram que fossem retirados para o estrangeiro 5300 feridos e doentes graves internados naquele território. O porta-voz do Ministério da Saúde, Ashraf al-Qudra, disse em comunicado que a retirada destes doentes, à margem do já habitual mecanismo de retirada diária de feridos, é necessária para "salvar estas vidas": "Apenas um por cento dos feridos foi autorizado a sair."

A ofensiva israelita, que começou logo no dia 7 de Outubro depois do ataque do Hamas, já matou pelo menos 21.672 palestinianos, de acordo com as autoridades sanitárias de Gaza, com mais de 56 mil feridos e milhares de outros que se receiam mortos sob os escombros.

ONU alerta para o risco de fome

A agência das Nações Unidas para os refugiados palestinianos (UNRWA) voltou a alertar para a "catastrófica" escassez de alimentos na Faixa de Gaza, onde 40% da população está em risco de fome.

"As pessoas estão desesperadas por comida", escreveu nas redes sociais o chefe da UNRWA, Thomas White, ao partilhar um vídeo que mostra milhares de pessoas a correr em direcção a uma caravana humanitária. "São necessários mais abastecimentos regulares. É preciso garantir acesso humanitário seguro a todo o lado, incluindo ao Norte de Gaza."

Soldado israelita morto em Gaza

No sábado, o braço armado da Frente Popular de Libertação da Palestina afirmou que um soldado israelita detido pelo grupo tinha sido morto num ataque aéreo israelita que também feriu alguns dos seus captores.

Um porta-voz do grupo, a segunda maior facção da Organização para a Libertação da Palestina (OLP), depois da Fatah, disse em comentários transmitidos pela televisão Al Araby que o ataque aéreo ocorreu após uma tentativa falhada dos comandos israelitas de libertar o soldado.

Não foram dados pormenores sobre a data em que o soldado foi feito prisioneiro, nem sobre o local onde se encontrava detido em Gaza.

O exército israelita não quis comentar à Reuters este incidente.

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