Infecções respiratórias fazem aumentar mortalidade esta semana

Os dados do sistema de informação de mortalidade em Portugal, baseado no registo electrónico de certificados de óbito, mostram uma subida das mortes acima do esperado a partir do dia 24 de Dezembro.

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A mortalidade em excesso é aquela acima do esperado pelas autoridades para o mesmo dia Manuel Roberto
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A mortalidade em Portugal registou um pico desde o passado fim-de-semana, e o dia de Natal deste ano foi aquele em que mais pessoas morreram nos últimos 10 anos, segundo dados oficiais.

Os dados do sistema de informação de mortalidade (SICO) em Portugal, baseado no registo electrónico de certificados de óbito, mostram que no dia de Natal morreram 440 pessoas, um número que nunca foi atingido a 25 de Dezembro nos últimos 10 anos.

Segundo a mesma informação, na quinta-feira a mortalidade foi "muito acima do esperado". Morreram 448 pessoas, um valor que não era alcançado para o mesmo dia desde o primeiro ano da pandemia em Portugal (2020), quando no dia 28 de Dezembro se registaram 453 óbitos.

A informação disponível no site do SICO indica ainda que nos últimos sete dias se registaram 325 óbitos em excesso. A mortalidade em excesso é aquela acima do esperado pelas autoridades para o mesmo dia.

As autoridades consideram que há excesso de mortalidade, face ao esperado, desde o dia de Natal, contudo, no dia 24 de Dezembro morreram mais pessoas (415) no que no mesmo dia nos últimos sete anos. Em 2016, tinha havido 449 óbitos nesse dia. Os dados da mortalidade geral em Portugal mostram uma subida a partir do dia 24 de Dezembro.

Recorde dos últimos 10 anos

O excesso de mortalidade manteve-se depois do Natal, ficando 27% acima do esperado a 26 de Dezembro, dia em que morreram 470 pessoas, o número mais elevado dos últimos 10 anos.

No dia 27, o sistema registou um excesso de 21,1% na mortalidade, com 449 óbitos, um número que, para o mesmo dia, só foi ultrapassado em 2016.

Segundo o Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA), a incidência de gripe apresentou uma tendência crescente na semana de 18 a 24 de Dezembro, tendo sido identificados 910 casos positivos, 837 dos quais do tipo A. Desde o início de Outubro "foram detectados 85 casos de co-infecção pelo vírus da gripe e SARS-CoV-2", segundo o último Boletim de Vigilância Epidemiológica.

Os casos de gripe têm contribuído para lotar as urgências dos hospitais, sobretudo na região de Lisboa, onde esta semana já se verificaram tempos de espera para doentes urgentes a rondar as 18 horas. Para responder ao pico de procura, também a Linha SNS 24, que recebeu 204 mil chamadas em Dezembro, vai abrir dois novos centros de atendimento.

Segundo os Serviços Partilhados do Ministério da Saúde (SPMS), a Linha SNS 24 recebeu mais de 204 mil chamadas este mês. Só no dia 26 foram atendidas mais de 9500 chamadas (mais 4000 do que no dia anterior) e no dia 27 cerca de 10200.

Para fazer face a um previsível aumento da afluência nesta época festiva, as autoridades mantiveram a funcionar com horário complementar centenas de centros de saúde no fim-de-semana e no dia de Natal, medida que irá repetir-se na passagem do ano.