Ed Yong: “Invadimos o mundo sensorial de outros animais. Afogámo-los em luz e ruído”

Os sentidos dão-nos uma versão filtrada da realidade. “Apesar de toda a nossa inteligência, estamos muito limitados naquilo que percepcionamos do mundo”, diz Ed Yong sobre o seu novo livro.

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O jornalista e escritor Ed Yong DR
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Por muito que tentemos, é difícil pormo-nos na pele de um outro animal e imaginar como é que ele sente o mundo. Os sentidos não são os mesmos, o corpo também não. Ainda assim, o comunicador de ciência e jornalista Ed Yong tentou – e para nos ajudar a tentar também escreveu um livro, Um Mundo Imenso, sobre a imensidão dos sentidos no mundo animal.

O próprio admite que é difícil falar sobre sentidos sem usar palavras e comparações que remetam para a nossa experiência humana, que também condiciona as perguntas que fazemos sobre estes animais. “Pensar na subjectividade da vida dos outros animais envolve muito pensamento profundo e poético”, acredita. No fundo, sabe que imaginarmos estes sentidos é uma “tarefa impossível de concretizar”. Mas acredita que vale a pena tentar.

Ed Yong escreveu muitos anos para a revista The Atlantic e recebeu um prémio Pulitzer de jornalismo explicativo pela cobertura jornalística que fez da pandemia de covid-19. Agora, está dedicado à escrita do seu próximo livro, sobre a vida em diferentes escalas: “Como é ser-se do tamanho de uma baleia-azul ou de uma vespa? O que é viver durante milénios ou por uns dias?”, questiona, para adiantar um pouco do que será a sua nova obra, em videochamada com o PÚBLICO. Já neste livro, Um Mundo Imenso, dá-nos um vislumbre do fascínio que envolve os sentidos de alguns animais, incluindo dos humanos. “Há tanto do mundo que não sentimos – e essa é uma ideia mágica”, diz-nos.

Tem alguma perspectiva sobre a razão pela qual os humanos evoluíram para terem os sentidos que têm hoje?
É uma boa questão. Todos os sentidos dos animais têm limites. Nenhum consegue sentir tudo. E isso acontece por duas razões: sentir o mundo custa energia, consome calorias, e não temos um fornecimento infinito. Os animais conseguem sentir algumas coisas, mas não outras. A evolução ajusta os nossos sentidos às nossas necessidades. Deu-nos os sentidos que acabam por nos ser úteis.

No caso dos humanos, vimos de uma longa linhagem de primatas que acabaram por dar prioridade à visão, e isso aconteceu sobretudo porque ajudava os nossos antepassados: a encontrar insectos nos ramos, a encontrar comida camuflada. A nossa visão está muito ajustada a isso, temos um olhar preciso, dos mais aguçados de todo o reino animal. E penso que é por isso que a visão é tão importante na nossa visão do mundo.

Diz no livro que, para os humanos, a visão e a audição são muito importantes, mas a maior parte dos outros animais muitas vezes nem ouve nem vê tão bem quanto vemos...
Sim. A maior parte dos animais no mundo é [do grupo dos] insectos e muitos nem têm ouvidos. Ouvir nem é algo absoluto que todos os animais têm. É algo que os animais têm quando é útil, quando lhes proporciona informação útil. E o mesmo é verdade para todos os outros sentidos. Escrevi sobre animais que conseguem sentir o campo magnético da Terra. Este sentido é incrivelmente útil para um animal que migre longas distâncias, como algumas aves e tartarugas. Mas se só nos movemos em pequenas distâncias, é muito menos útil e fiável. Portanto é fácil perceber a razão pela qual os humanos não têm este sentido. Há sempre este equilíbrio: nenhum animal sente tudo porque não tem de o fazer.

É como se o que sentíssemos fosse uma versão filtrada da realidade?
Exacto, e é por essa razão que esta ideia de umwelt de que falo no livro, esta bolha sensorial em que todos os animais estão enclausurados, me parece ser uma das ideias mais bonitas na biologia. Torna-nos humildes. Diz-nos que, apesar de toda a nossa inteligência e tecnologia, estamos muito limitados naquilo que percepcionamos do mundo. É uma limitação que partilhamos com todo o mundo animal. Mas também significa que há tanto do mundo que não sentimos – e essa é uma ideia mágica. Diz-nos que até no ambiente que consideramos ser mais familiar há coisas novas a aprender e a explorar.

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O escritor tem nacionalidade britânica e norte-americana DR

O estudo do mundo animal está muito condicionado pela perspectiva humana?
Sem dúvida. Os nossos sentidos confinam a nossa imaginação, influenciam as perguntas que fazemos sobre o mundo, o tipo de experiências que os cientistas fazem, a forma como interpretam os resultados daquilo que vêem e daquilo que os animais fazem. Há tantos exemplos, incluindo os muitos sentidos que demoraram tanto tempo a serem descobertos.

Foi só durante a Segunda Guerra Mundial que os cientistas descobriram que os morcegos se conseguiam ecolocalizar, que faziam sons de alta frequência e que usavam o eco desses sons para navegar e encontrar o seu caminho em lugares muito escuros ou para encontrar insectos em pleno voo. Como este é um sentido que a maior parte dos humanos não tem, parecia completamente disparatado na altura. Os cientistas que sugeriram isto foram ridicularizados. E agora sabemos que é algo que os morcegos fazem, que os golfinhos fazem, e até alguns humanos fazem [Ed Yong fala no livro com uma pessoa cega que usa um sistema destes para se conseguir deslocar sem embater em obstáculos]. Mesmo a pessoa que descobriu o sentido magnético de alguns animais estava céptica, achava pouco plausível. Mesmo as pessoas que estudam estes sentidos são altamente condicionadas e limitadas pela sua própria biologia.

Há uma frase de que gosto que diz que "o Universo é não só mais estranho do que imaginamos, é mais estranho do que conseguimos imaginar" (J. B. S. Haldane). Acontece o mesmo com os sentidos? Nunca conseguiremos realmente conceber como são os sentidos dos outros animais...
Sim... É o maior desafio deste assunto. Penso que, mesmo através de tudo o que conseguimos descobrir através da ciência, tecnologia..., haverá sempre este golfo entre aquilo que um animal sente e aquilo que nós sentimos. Os filósofos já escreveram sobre isto. Thomas Nagel já escreveu sobre o que é ser um morcego, em que fala precisamente sobre este problema. Por exemplo: eu tenho um cão...

O Typo!
Exactamente. Posso falar sobre a anatomia do nariz do Typo, sobre como ele se comporta quando o vamos passear. É o animal com que passo mais tempo, estou todos os dias com ele. Mas não posso dizer como é estar na cabeça do Typo, não consigo dizer como é que ele vivencia o mundo. E penso que isso é um desafio.

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O cão de Ed Yong, Typo, também aparece no livro DR

Significa que a tarefa que deixo aos leitores (e a mim próprio) neste livro é, na verdade, impossível de concretizar. Mas o meu raciocínio é de que vale a pena tentar. Porque nos ensina coisas novas sobre os animais em nosso redor, faz-nos ver o mundo em nosso redor sob uma nova luz, torna mais claras as nossas responsabilidades em relação a todo este mundo. E, simplesmente, porque é um dom tremendo tentarmos pôr-nos na perspectiva de uma outra criatura. Devíamos aproveitar e dar-lhe bom uso.

Também refere que, por vezes, quando as pessoas levam o seu cão à rua quase acabam por lhes impor a nossa pressa humana, e impedi-los de levar o seu tempo a farejar, que é parte da forma como entendem o mundo.
É algo que muitas pessoas que têm cães fazem. E eu entendo, até porque muita gente acaba por tornar essa caminhada um momento de exercício. Mas esquecemo-nos de que os cães vivem neste mundo muito diferente do nosso. O mundo deles é dominado pelo olfacto, não pela visão. Quando um cão sai à rua, quer explorar. Quer farejar. Quer cheirar coisas num ritmo diferente do nosso e com um intuito diferente.

Toda a gente que tem cães conhece bem a sensação de o cão parar do nada e farejar um bocado de chão que nos parece completamente desenxabido, mas que claramente tem muita informação interessante para o cão. Se os impedirmos, tornamos a vida deles um bocadinho mais triste. Os cães ficam menos ansiosos se puderem farejar à vontade. É um exemplo simples da forma como o facto de não pensarmos sobre os sentidos dos animais pode fazer com que os prejudiquemos de forma não intencional, incluindo nestas criaturas de que mais gostamos.

Depois de ter escrito tanto sobre parasitas, micróbios, covid-19, o que é que o fez olhar para a vastidão de sentidos que os animais têm?
Esta área sempre me fascinou. Os animais são uma das coisas de que sempre gostei desde que me lembro de gostar de alguma coisa. Quando era criança, era fascinado por animais, lia livros, via documentários. A ideia específica dos sentidos, na verdade, foi uma ideia da minha mulher. Ela também tem formação em Biologia. E este tema é rico de um ponto de vista biológico, mas também filosófico. Pensar na subjectividade da vida dos outros animais envolve muito pensamento profundo e poético. Vale a pena explorar.

Pode parecer algo distante dos micróbios e da pandemia, mas está tudo relacionado: está ligado a aspectos escondidos do mundo. As partes do mundo que nós não percepcionamos e que são verdadeiramente importantes. Mesmo a minha cobertura jornalística da pandemia era sobre as fraquezas estruturais da sociedade que nos tornavam vulneráveis a um novo patogénico, ou sobre os grupos de pessoas que mais sofreram durante a covid-19 e que são muitas vezes esquecidas, como as pessoas imunodeprimidas ou que têm covid longa. Além desse lado negligenciado, é também um apelo à curiosidade e à empatia.

Há algum sentido que o tenha fascinado mais?
Escrevi o livro de forma a haver, em cada página, algo surpreendente. Porque foi essa a minha sensação ao escrever. Escrever este livro transformou a minha experiência em espaços verdes. Por causa das vibrações de insectos que não ouvimos, a ideia de que as plantas estão repletas destas melodias que não conseguimos ouvir é maravilhosa.

Há muitos padrões ultravioletas nas flores que não conseguimos ver. Podemos olhar para uma flor e pensar: "Para que olho é que isto está feito?", e sabemos que é sobretudo para o das abelhas. Mas este tipo de olho da abelha já existia antes de as flores terem evoluído e, portanto, as flores acabaram por desenvolver cores que realmente atraem as abelhas.

Isto é algo profundo. Diz-nos que, só ao existir, os animais moldam a forma do mundo, estão a pintar a paisagem, mudam os sons, alteram a forma que a beleza tem simplesmente ao percepcionar o ambiente em seu redor. Dizemos que a beleza está nos olhos de quem vê, mas na verdade existe por causa desses olhos. E parece-me maravilhoso.

E aí está a parte filosófica e poética de que falava.
Penso que é inerentemente belo. E queria que a linguagem do livro lhe fizesse justiça.

Esta pergunta pode fazê-lo revirar os olhos, mas ainda assim gostava de perguntar: a ideia dos cinco sentidos está completamente ultrapassada, certo?
Sim. Mesmo com os humanos essa contagem não inclui alguns dos sentidos que temos. Se fecharmos os olhos, não precisamos de ver para saber onde está o nosso braço ou o que o nosso corpo está a fazer.

Danielle Kiemel
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A propriocepção.
Sim. E, se olharmos para outros animais, eles têm sentidos que nós não temos. E são sentidos que são difíceis de categorizar. A ecolocalização usada pelos morcegos e golfinhos... Será só audição? Usa ondas de som, mas é muito diferente da audição passiva: é exploratória. É mais como um tacto que usa som. É difícil de o enfiar dentro de uma destas gavetas. Há coisas que pensamos ser um sentido e, na realidade, são vários. O tacto: é sentir a pressão, a temperatura. Mesmo sentir o frio e o quente são coisas muito diferentes, que usam receptores distintos e partes diferentes do sistema nervoso.

Em muitos outros animais, há sentidos que se fundem num só. Como o tentáculo de um polvo, que toca e saboreia num sentido único. Desconstruir os sentidos é muito desafiante. “Temos” cinco porque foi isso que Aristóteles sugeriu, mas há mais ou menos. Varia muito. Não penso em cinco sentidos. E nunca falo num sexto sentido. Porque não me parece que valha a energia intelectual. Prefiro pensar na razão pela qual existem.

E há algum sentido humano que tenhamos hoje por causa da evolução que já não faça sentido?
Nem por isso. Penso que usamos todos os sentidos que temos.

E não sei se esta é uma pergunta bizarra, mas acha que poderemos desenvolver mais sentidos no futuro? Ou levaria anos e anos?
Não me parece que vá acontecer. Costuma ser sempre uma substituição. Mas já alargamos o nosso arsenal de sentidos através da tecnologia: estou a ver umas aves na minha janela que conseguem sentir o campo magnético da Terra e usar isso para guiar as suas migrações. Eu não tenho essa capacidade, mas tenho um telemóvel na minha mão que tem uma bússola, que me permite saber. Só que com uma ferramenta. Há muitas outras coisas que isto me permite fazer: posso ver imagens de satélite para ver imagens da paisagem em infravermelhos. A tecnologia leva-me a partes do mundo às quais o meu corpo não tem acesso.

E falando agora da forma como os humanos interferem com o modo de viver dos outros animais. Há aves que morrem por causa da poluição luminosa ou animais que morrem por confundirem plástico com alimento... Como encara a forma como vivemos com outras espécies neste planeta?
Os humanos causaram muitos problemas aos outros animais. A poluição por plástico, as alterações climáticas, a proliferação de espécies invasoras... Mas uma das coisas que fazemos que é muitas vezes ignorada é a poluição sensorial. Impingimos tanta luz em zonas escuras, afogámos zonas tranquilas com quantidades inimagináveis de som, e ambas são muito danosas para os animais.

A poluição luminosa distrai os insectos de flores que precisam de ser polinizadas, atrai as aves e afasta-as das suas rotas migratórias, arranca tartarugas dos oceanos em direcção a estradas e edifícios onde muitas vezes acabam por morrer. É difícil pensar na luz como um problema porque a vemos como uma coisa boa. Mas a luz, em sítios e alturas onde não tem pertença, pode ser algo muito mau para as criaturas.

O mesmo acontece com a poluição sonora. Abafa por inteiro os apelos que os animais têm de ouvir uns dos outros. Torna zonas onde os animais proliferavam em zonas perigosas e ameaçadoras. O ruído afasta os animais de habitat que seriam, de outra forma, bons para eles. Invadimos o mundo sensorial de outros animais. Afogámo-los em luz e ruído. E outras formas de poluição sensorial também, como os plásticos. São problemas difíceis e muitas vezes negligenciados, mas também são problemas que se podem resolver. No caso do som e da luz, podem desaparecer com um interruptor ou com o abrandamento da velocidade de um veículo. São exemplos de problemas ecológicos que podemos resolver rapidamente se tivermos o conhecimento e a vontade política de o fazer.

As alterações climáticas podem deixar toda esta maravilhosa biodiversidade em risco?
Esta é uma altura de grande perigo para o mundo natural. Estamos a assistir à sexta grande extinção da vida selvagem. Tudo o que possamos fazer para proteger as criaturas em nosso redor deve ser aproveitado. Espero que este livro dê às pessoas uma razão para se preocuparem. Não resolveremos as ameaças que outras criaturas enfrentam se não nos importarmos com elas e se não pensarmos nas suas vidas. Se não as valorizarmos pela sua própria existência.

Durante muito tempo esteve também a cobrir a pandemia de covid-19, e falava da possibilidade de haver uma pandemia antes de ela surgir, até ganhou um prémio Pulitzer por esse jornalismo explicativo. Agora que a pandemia aparenta estar mais calma, acredita que aprendemos algo com a pandemia? Estaríamos preparados para uma futura pandemia?
[riso nervoso] Não, entristece-me dizer que não estamos mais bem preparados para a próxima pandemia do que estávamos com esta. Em alguns casos, até estamos pior. As lições que falhámos consistentemente e com as quais não aprendemos estão relacionadas com o facto de as pandemias serem um problema social, colectivo. Não podemos pensar nelas como um problema que os indivíduos conseguem resolver por si só. E não são um problema para a ciência e tecnologia resolverem. As vacinas e os antivirais são óptimos, mas este é um problema para a sociedade. É sobre a forma como olhamos pelos mais vulneráveis entre nós, quanto nos preocupamos com as pessoas mais em risco, e penso que não aprendemos essas lições. E que nos vão apanhar da próxima vez.

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Num livro aclamado, Ed Yong procura levar-nos para além dos limites dos nossos sentidos David Silverman/Getty Images

Tem escrito ultimamente sobre covid longa, por exemplo. Ainda que possa parecer, esta pandemia ainda nem acabou, ainda temos de lidar com os seus desafios...
Sim... Eu conheço muitas pessoas que têm covid longa e que ainda estão doentes. Entrevistei pessoas que têm estado doentes desde o início da pandemia e que não estão melhores. A covid longa não vai desaparecer, é um acontecimento debilitante maciço e está a afectar a vida de milhões de pessoas só nos EUA, portanto imagino no mundo inteiro. Requer que nos esforcemos mais para evitar a propagação da infecção, coisa que muitos países abandonaram por inteiro. Envolve canalizar fundos para investigação para estas doenças crónicas que se seguem às infecções virais. Envolve acreditarmos na experiência que aqueles entre nós que estão profundamente doentes, que muitas vezes nem conseguem fazer com que as próprias famílias e médicos os levem a sério. É uma farsa moral.

Uma última pergunta, tendo em conta que é um especialista da comunicação de ciência: hoje temos este desafio de falar na crise climática, porque é difícil alertar para os perigos sem cair no catastrofismo. Tem algum conselho sobre como cobrir a crise climática de forma eficaz?
A severidade da crise climática é muito clara e isso deve ser passado às pessoas. Muitas pessoas não parecem perceber ao certo o que está em risco e quão severamente o mundo em nosso redor vai mudar para pior. É sempre importante não dar falsas esperanças, mas expandir a nossa imaginação moral para mostrar às pessoas a razão pela qual fizemos más escolhas até agora, mas que é possível fazer melhor.

Não estamos condenados à catástrofe. A catástrofe é uma escolha. Que podemos fazer, sim, mas temos de entender que há outras escolhas. Foi isso que tentei fazer na minha cobertura da pandemia. Um dos grandes propósitos que o jornalismo pode alcançar é expandir a nossa imaginação moral e lembrar-nos de que um mundo melhor é sempre possível.