ONU denuncia detenções arbitrárias, tortura e mortes de palestinianos na Cisjordânia

Unicef revela que o número de crianças mortas no território palestiniano ocupado atingiu um nível “sem precedentes”.

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Crianças assistem a funeral de palestiniano morto num raide israelita perto da cidade de Ramallah MOHAMAD TOROKMAN/Reuters
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Um relatório elaborado pelo gabinete do alto-comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH) e publicado esta quinta-feira denunciou a “deterioração acelerada” dos direitos humanos na Cisjordânia e apelou às autoridades israelitas para acabarem com a violência contra a população palestiniana nos territórios ocupados.

Segundo o relatório, pelo menos 300 palestinianos foram mortos na Cisjordânia desde o dia 7 de Outubro, quando o Hamas atacou Israel, matando quase 1200 pessoas e sequestrando cerca de 240.

A maioria das mortes ocorreu durante operações das forças de segurança de Israel ou em confrontos com elas.

Pelo menos 105 mortes podem ser atribuídas a operações israelitas envolvendo ataques aéreos ou outras tácticas militares em campos de refugiados ou noutras zonas densamente povoadas. Pelo menos oito pessoas foram mortas por colonos israelitas.

Israel argumenta que as suas operações na Cisjordânia têm como objectivo neutralizar ameaças terroristas.

O ACNUDH registou também detenções arbitrárias, detenções ilegais e casos de denúncias de tortura e de outras formas de maus tratos a prisioneiros. Foram detidas mais de 4700 pessoas na Cisjordânia desde o dia 7 de Outubro.

“Alguns [detidos] foram despidos, tiveram os olhos vendados e foram mantidos durante largas horas com algemas e com as pernas amarradas enquanto os soldados israelitas lhes pisavam a cabeça e as costas; foram cuspidos, atirados contra paredes, ameaçados, insultados, humilhados e, em alguns casos, sujeitos a violência sexual e violência baseada no género”, denunciou o ACNUDH.

A Unicef relevou, pelo seu lado, também num relatório publicado esta quinta-feira, que o número de crianças mortas na Cisjordânia ocupada durante este ano atingiu “níveis sem precedentes”, tendo sido o ano mais mortífero para as crianças da região desde que a organização faz registos.

Segundo os dados apresentados, nas últimas 12 semanas morreram 83 crianças, mais do dobro do que as vítimas de todo o ano passado, tendo mais de 576 ficado feridas.

As crianças que vivem na Cisjordânia, incluindo em Jerusalém Leste, vivem uma violência tremenda há muitos anos, mas a intensidade aumentou desde os terríveis ataques de 7 de Outubro do Hamas contra Israel. “Violência relacionada com o conflito matou 124 crianças palestinianas e seis israelitas desde o início de 2023”, afirmou Adele Khodr, directora regional da Unicef para o Médio Oriente e Norte de África, em comunicado.

Muitos dos relatos recolhidos pela Unicef mostram que o medo se tornou parte da vida quotidiana das crianças da região, que mostraram “extrema preocupação” com as questões de segurança. “O sofrimento das crianças na Cisjordânia não deve passar ao lado do actual conflito, faz parte dele”, concluiu Khodr.

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