Morreu Bill Granger, o chef que pôs o abacate nas tostas do mundo
O chef australiano, o “Rei do Pequeno-Almoço”, tornou-se uma celebridade mundial, com livros e programas de culinária, além de restaurantes em vários pontos do mundo.
O chef e empresário de restauração global Bill Granger, que foi o pioneiro da cultura de brunch australiana e elevou a tosta de abacate à popularidade, morreu no dia de Natal num hospital em Londres. Tinha 54 anos.
O chef nascido em Melbourne, Austrália, morreu "pacificamente" a 25 de Dezembro, com a sua esposa e as suas três filhas ao seu lado, disse a família num comunicado publicado no Instagram. Não foi indicada a causa da morte.
A família disse que ele seria recordado como o "Rei do Pequeno-Almoço". Ele transformou a "comida despretensiosa em algo especial", refere-se na declaração, tendo estimulado "o crescimento da comida informal e comunitária ao estilo australiano por todo o mundo".
Granger foi um prolífico produtor de livros de culinária e de programas de televisão, mas a sua contribuição mais conhecida pode ser a popularização de um prato simples que se tornou global e ficou associado à geração dos millennials: a tosta de abacate, ou "smashed avo", como é provável que seja referida num menu no seu país de origem.
Depois de abandonar a escola de arte em 1993, Granger mudou-se para Sydney e abriu o seu primeiro restaurante, Bills, que se tornou conhecido pelo seu estilo fresco de pequeno-almoço e brunch. Cozinheiro autodidacta, obteve sucesso como empresário de restauração e escritor de comida numa carreira que se estendeu por mais de três décadas.
O restaurante Bills internacionalizou-se em 2008, começando em Tóquio, e actualmente, esta caso ao estilo "café de bairro" tem 19 filiais em cidades de todo o mundo, incluindo Londres e Seul. Granger também publicou 14 livros de receitas e apresentou cinco programas de culinária na televisão.
Quando foi agraciado com a Medalha da Ordem da Austrália este ano, por serviços prestados ao turismo e à hospitalidade, um jornal australiano brincou que a homenagem seria por "Serviços prestados ao abacate na tosta".
O prato, tal como é conhecido hoje em dia, começou a ganhar força no início dos anos 90, e a versão de Granger no Bills pode ter sido o primeiro registo de uma tosta de abacate numa ementa.
Em 1999, o escritor britânico de gastronomia Nigel Slater sugeriu na sua coluna do jornal britânico Guardian uma receita de abacate esmagado numa tosta, abrindo caminho para a ascensão do brunch à proeminência da cultura pop.
Mas Granger acabaria por dizer que não podia ficar com todos os louros. "O abacate estava numa lista de acompanhamentos das tostas", disse em 2015 ao guia de lazer Broadsheet. "Por isso, vou dar o crédito pela criação do prato aos nossos clientes."
Bill Granger deixa a esposa e parceira de negócios, Natalie Elliott, e três filhas, Edie, Inès e Bunny.
Na quarta-feira, outros chefes de cozinha, incluindo Jamie Oliver e Nigella Lawson, recordaram Granger pela sua extraordinária desenvoltura, bem como pela sua "brilhante exuberância e generosidade".
"A filosofia do Bill de tornar comida deliciosa acessível a todos nunca envelheceu", disse a jornalista de viagens gastronómicas Sofia Levin ao The Washington Post. "O seu legado de uma cozinha brilhante e inclusiva viverá, sem dúvida, nos seus cafés, livros de receitas e nas nossas cozinhas", comentou a profissional australiana.
O cozinheiro australiano Adam Liaw escreveu nas redes sociais que a "'ensolarada' (palavra dele, não minha) codificação de Granger da cultura dos cafés australianos é o modelo que serve de base a todos os cafés australianos do mundo".
Numa entrevista ao Australian Financial Review este ano, Granger disse que associava a tosta de abacate à sensação de que 'tudo é possível', sentida nas manhãs soalheiras de Sydney.
"Cresci em Melbourne", disse então, "e quando me mudei para Sydney, fiquei impressionado com a sua vida matinal".
"As pessoas estavam na praia, a passear no parque, a aproveitar o dia. Parecia muito australiano, muito optimista".
"Acho que o abacate na tosta é optimismo."
Exclusivo PÚBLICO/The Washington Post