Retirar doentes não urgentes dos serviços de urgência implica “uma enorme coragem política”

É preciso reduzir em pelo menos um terço o número de atendimentos nos serviços de urgência do país, diz Nelson Pereira. Para isso é preciso “chegar a dois milhões de pessoas”.

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Nelson Pereira trabalha em Urgência há 20 anos: "Não me vejo a fazer outra coisa." Paulo Pimenta

"Já houve n grupos de trabalho que concluíram que os doentes não urgentes tinham de ser retirados do serviço de urgência, que deviam ser referenciados, mas tudo isto ficou sempre na gaveta", lembra Nelson Pereira, que é o novo presidente do colégio da competência em emergência médica da Ordem dos Médicos (OM). Numa altura em que entrou na segunda fase o projecto-piloto da Póvoa de Varzim-Vila do Conde que encaminha os doentes triados com pulseiras verdes e azuis para os centros de saúde ou hospital de dia e está em consulta pública um projecto de portaria que prevê a aplicação faseada em todo o país desta nova forma de acesso às urgências, o director da Unidade Autónoma de Gestão da Urgência e Medicina Intensiva do Centro Hospitalar Universitário São João (Porto) considera que "estas iniciativas implicam uma enorme coragem política, porque isto não é popular". "É uma pedrada no charco haver finalmente alguém que quer fazer alguma coisa", aplaude, ressalvando que será preciso oferecer sempre uma alternativa aos "dois milhões de pessoas" que poderiam ser retirados das urgências em cada ano. Nelson Pereira quer reabrir o debate para a criação da especialidade de medicina de urgência, que foi chumbada há um ano na Ordem dos Médicos.

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