Vin Diesel acusado de agressão sexual e retaliação — “despedida porque já não era útil”

Ex-assistente do actor norte-americano, hoje profissional em Hollywood, alega que estrela a agarrou, despiu e tocou contra a sua vontade. Terá sido despedida horas depois.

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Vin Diesel MARIO ANZUONI/Reuters

O actor Vin Diesel, uma das estrelas de acção mais rentáveis de Hollywood, é acusado pela sua antiga assistente de agressão sexual, segundo um processo que deu entrada esta quinta-feira, 21 de Dezembro, em Los Angeles. A acusadora, Asta Jonasson, alega que Diesel forçou vários tipos de contacto sexual e que, depois de se ter queixado e resistido, foi despedida pela empresa do actor — que é também visada no processo, algo que tem sido comum nos últimos meses com a formalização de novas acusações legais que responsabilizam também as empresas que alegadamente permitem os comportamentos dos seus donos ou clientes.

A notícia está a correr mundo, alimentada pela fama do próprio acusado: Vin Diesel, “descoberto” por Steven Spielberg em 1998 em O Resgate do Soldado Ryan, é o rosto de um dos franchises de acção mais rentáveis do mundo. A existência do processo foi avançada pela revista Vanity Fair, que relata a versão da queixosa sobre o alegadamente sucedido num hotel em Atlanta em 2010. Vin Diesel, aliás Mark Sinclair, “nega categoricamente” ter cometido os actos de que é acusado.

Através do seu advogado, Bryan Freedman, utilizou argumentos que têm sido invocados por muitos visados pelos novos processos que têm dado entrada em tribunal, permitidos por alterações no sistema judicial norte-americano no pós-MeToo e que alargam ou criam períodos de excepção para os prazos de prescrição de certo tipo de crimes sexuais. “É a primeira vez que ele ouve falar nesta queixa de mais de 13 anos feita por uma suposta empregada [que só trabalhou com ele] por nove dias. Há provas claras que refutam completamente estas alegações bizarras”, remata a defesa.

A acusação é detalhada. Asta Jonasson foi contratada pela One Race, a empresa pessoal de Diesel, para ser assistente do actor durante as filmagens de Velocidade Furiosa 5 em Atlanta. Numa noite em Setembro, a assistente, que já tinha mais de 18 anos, foi chamada ao quarto do actor durante a noite. O seu trabalho incluía tarefas variadas como organizar festas ou estar perto de Diesel em eventos públicos onde este estivesse perto de mulheres que não fossem a sua namorada. Ao chegar ao quarto, lê-se no documento, estavam promotoras de discoteca na divisão. Quando saíram, o actor “agarrou os pulsos de Jonasson, um com cada um das suas mãos, e puxou-a para a cama”, lê-se na queixa. Ela começou aí os vários pedidos para que ele parasse, não consentindo o que tentaria fazer-lhe.

Quando conseguiu levantar-se, Diesel tê-la-á prendido contra uma parede, apalpando-a e beijando-a enquanto ela dizia “não”. Sem o seu consentimento, ele baixou-se, alega, puxou-lhe o vestido para cima e “molestou-a”. Jonasson diz ter gritado quando Diesel lhe tentou tirar a roupa interior e foi novamente presa contra uma parede, onde Diesel a terá forçado a masturbá-lo, e perante a sua repetida recusa, terá levado o acto a cabo sozinho.

No dia seguinte, no fundo meras horas depois, a irmã de Vin Diesel e uma das responsáveis pela One Race contactou a funcionária para a despedir. “Foi claro para ela que estava a ser despedida porque já não era útil — Vin Diesel tinha-a usado para satisfazer os seus desejos sexuais e ela tinha resistido”. Hoje, Jonasson é profissional na área do cinema e audiovisual e foi produtora associada de um documentário nomeado para os Emmys. Quando começou o seu trabalho como assistente, assinou um “non disclosure agreement”, os famosos NDA, que garantem sigilo sobre tudo o que se passe no âmbito da relação profissional com nomes conhecidos.

Agora, tal como as queixosas contra o rapper e empresário Sean Combs ou o actor Jamie Foxx, é-lhe permitido apresentar o seu caso judicialmente porque foi criada legislação que proíbe tais acordos de sigilo em situações específicas. Isso, aliado ao alargamento do prazo de prescrição de crimes sexuais em Los Angeles — ferramenta ao abrigo da qual o actor português Nuno Lopes fosse visado por uma queixa de violação por A.M. Lukas na comarca de Nova Iorque, caso que ainda não passou à fase de audiência de interessados — fez com que este processo agora pudesse surgir.

“Empoderada pelos movimentos #MeToo e Time’s Up, e com a protecção do Speak Out Act [a nova legislação que suspende os efeitos dos NDA]”, justifica a queixa, Jonasson não está disposta a continuar em silêncio e deseja reclamar a sua agência e justiça pelo sofrimento que suportou às mãos de Vin Diesel e da One Race”. A queixa diz respeito não só a Diesel, portanto, mas também às suas empresas e envolve não só acusação de agressão sexual mas de despedimento sem justa causa e por represálias no âmbito laboral.

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