Elefantes no Zimbabwe morrem enquanto seca o lugar onde vivem

Um elefante adulto precisa de 200 litros de água por dia, mas a população em Hwange é de 45 mil elefantes – e quase não há água.

Foto
"Como os elefantes dependem da água, estamos a registar mais mortes", diz especialista Reuters/STRINGER
Ouça este artigo
00:00
02:10

Exclusivo Gostaria de Ouvir? Assine já

Dezenas de elefantes morreram de sede no famoso Parque Nacional de Hwange, no Zimbabwe, e os conservacionistas receiam perder mais, uma vez que a seca provocada pelas alterações climáticas e pelo fenómeno climático global El Niño seca os bebedouros.

O El Niño sazonal, que provoca tempo mais quente e seco ao longo do ano, tem sido exacerbado pela crise climática, segundo os cientistas, um motivo de preocupação nas discussões em curso na COP28, a cimeira do clima que decorre no Dubai.

Hwange não é atravessada por nenhum rio importante e os animais dependem de furos alimentados por energia solar, disse um funcionário da Zimbabwe Parks and Wildlife Authorities (Zimparks).

Foto
Parque Nacional de Hwange, Zimbabwe Nyasha Chigono/REUTERS

"Estamos a depender de água artificial porque a nossa água de superfície diminuiu. Como os elefantes dependem da água, estamos a registar mais mortes", disse Daphine Madhlamoto, ecologista principal da Zimparks no Parque Nacional de Hwange, à Reuters.

A população de elefantes em Hwange é de 45 mil, e um elefante adulto precisa de 200 litros de água por dia. Mas com as fontes de água a diminuir, as bombas alimentadas a energia solar nos 104 furos ou poços não têm sido capazes de extrair água suficiente.

A Reuters viu dezenas de carcaças de elefantes perto de poços de água e os funcionários do parque disseram que outros elefantes morreram no mato, constituindo presas prontas para leões e abutres.

"O parque tem estado a testemunhar o impacto das alterações climáticas. Temos tido menos chuvas", disse Madhlamoto.

Foto
Uma carcaça de elefante Nyasha Chigono/REUTERS

A estação das chuvas no Zimbabué decorre de Novembro a Março, mas este ano quase não choveu. Prevê-se que a seca continue até 2024, de acordo com os Serviços Meteorológicos do Zimbabwe.

Segundo o Zimparks, os animais estão a ser obrigados a percorrer longas distâncias em busca de água e alimentos, e várias manadas de elefantes atravessaram para o vizinho Botswana. Os grupos de conservação estão a tentar fornecer água suplementar, desassoreando os poços de água e bombeando mais água através de poços solares para ajudar a enfrentar a crise.

O Zimbabwe tem uma população de elefantes de cerca de 100.000 animais, mas a capacidade de acolhimento é apenas de pouco mais de metade, o que significa que os parques nacionais estão sobrecarregados, disse a Zimparks.