O ministro das Finanças da Rússia, Anton Siluanov, disse nesta quinta-feira que o país irá responder "na mesma medida" se a União Europeia seguir em frente com uma proposta, anunciada na semana passada, de aplicar lucros de fundos russos na reconstrução da Ucrânia.

"Nós também temos aqui fundos suficientes congelados", disse Siluanov numa entrevista no canal Russia 24. "Os valores em causa não são baixos, e os lucros da movimentação destes fundos são substanciais e também podem ser usados [pela Rússia] em resposta a uma decisão dos nossos parceiros hostis."

O plano europeu, apresentado pela Comissão Europeia no dia 12 de Dezembro, consiste na apropriação de cerca de 14 mil milhões de euros respeitantes a lucros gerados por reservas congeladas do Banco Central russo, num valor estimado em 270 mil milhões de euros.

Desde Fevereiro de 2022, na sequência da invasão da Ucrânia pela Rússia, a União Europeia aplicou uma variedade de sanções a instituições e indivíduos russos, incluindo o congelamento de bens e de contas bancárias em território europeu — o que motivou uma reacção semelhante por parte da Rússia contra organizações e indivíduos europeus.

Na quarta-feira, numa medida distinta e que apenas vincula a Alemanha, o Ministério das Finanças do país anunciou que vai pedir aos tribunais que autorizem a apropriação, pelo Estado alemão, de 720 milhões de euros em fundos russos congelados.

"O que se aplica a governantes sem escrúpulos também se aplica aos bens dos seus aparelhos de Estado: não permitiremos que os fundos russos, usados para financiarem a guerra de agressão ilegal contra a Ucrânia, permaneçam em contas bancárias alemãs sem qualquer contestação", disse o ministro das Finanças, Marco Buschmann, citado pelo site Spiegel Online.

Segundo o gabinete do procurador-geral alemão, Peter Frank, a medida surge depois de indivíduos desconhecidos terem tentado retirar 720 milhões de euros da conta de uma agência estatal russa, em Junho de 2022, já depois de os fundos dessa agência terem sido congelados por ordem da União Europeia.

Numa reacção ao anúncio da Alemanha, o ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Serguei Lavrov, acusou os líderes alemães de serem "um bando de ladrões" e de "receberem lições de Washington".

"Eles costumavam ser ladrões no sentido político — violavam acordos, enganavam pessoas —, mas agora tornaram-se ladrões no sentido literal", disse Lavrov numa conferência de imprensa na Tunísia, citado pela Reuters.