Superliga europeia pode avançar. FIFA e UEFA não têm legitimidade para proibir

Decisão do Tribunal de Justiça da União Europeia considerou ilegal a decisão de proibir atletas e clubes de participarem em competições privadas. Competição será em sinal aberto, diz responsável.

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Decisão conhecida esta quinta-feira Reuters/DADO RUVIC
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Nasceu com a intenção de ser um torneio reservado aos mais ricos e poderosos, mas a UEFA e a FIFA mataram a ideia com ameaças de proibição a clubes e jogadores. Contudo, esta quinta-feira, a Justiça europeia voltou a abrir a porta à existência de uma Superliga, considerando-se que as duas entidades que gerem o futebol mundial não podem interferir na realização de competições privadas.

A decisão do Tribunal de Justiça da União Europeia (TJUE) foi conhecida esta quinta-feira, com o acórdão a apontar um abuso da "posição dominante" de FIFA e UEFA na posição conjunta contra a realização da polémica Superliga de futebol.

O processo foi iniciado após as empresas gestoras do projecto desportivo, a A22 Sports Management e a European Super League, apresentarem queixa contra as acções das duas entidades federativas. A decisão não permite recurso, restando agora saber se os antigos clubes que se comprometeram com a realização do torneio voltam atrás no afastamento.

O CEO da A22, Bernd Reichart, diz na rede social X (antigo Twitter) que os jogos da Superliga vão ser em sinal aberto, considerando que a decisão judicial significa "o fim do monopólio da UEFA".

A ideia para a competição foi inicialmente apoiada por 12 clubes fundadores: AC Milan, Arsenal, Atlético Madrid, Chelsea, Barcelona, Inter Milão, Juventus, Liverpool, Manchester City, Manchester United, Real Madrid e Tottenham.

Em reacção à decisão desta quinta-feira, a UEFA permanece confiante de que o acórdão do TJUE não significa necessariamente que a Superliga tem "luz verde" para avançar. Esta entidade diz que foi exposta uma "lacuna existente no quadro de pré-autorizações da UEFA" entretanto corrigida, algo que inviabiliza a realização da prova.

"A UEFA continua firme no seu compromisso de defender a pirâmide do futebol europeu, garantindo que esta continua a servir os interesses mais amplos da sociedade. Continuaremos a dar forma ao modelo desportivo europeu em conjunto com federações nacionais, ligas, clubes, adeptos, jogadores, treinadores, instituições da UE, governos e outros parceiros", pode ler-se no comunicado publicado no site.

Prova já apresentada

Foram precisas apenas duas horas após ser conhecida a decisão judicial que abriu a porta à realização da Superliga europeia para que a A22 Sports Management, promotora da competição, apresentasse o modelo da nova prova. O presidente executivo da empresa, Bernd Reichart, deixou a promessa de jogos em sinal aberto, não revelando, para já, quantos clubes confirmaram a participação.

“A nossa proposta tem de ser convincente e pedimos que os clubes nos ajudem a moldá-la. Há clubes que estão muito interessados na nossa proposta, não queremos dividir o futebol”, reiterou o responsável. Uma das preocupações de Bernd Reichart foi deixar claro que esta será uma competição guiada pela “meritocracia” e não pelo poder financeiro.

O responsável da A22 foi ainda vago quanto ao financiamento da prova: antes de ser suspensa, seria o banco norte-americano de investimento JPMorgan Chase a suportar os custos desta nova ideia, com um bolo de receitas na ordem dos 3,5 mil milhões de euros. Agora, Bernd Reichart diz que o financiamento será centrado nos fãs, escudando-se nas receitas publicitárias geradas pela transmissão dos jogos em sinal aberto para milhões de adeptos.

A ideia original

Na prática, a ideia original para a competição era simples: a competição realizar-se-ia com 15 clubes poderosos, juntando-se a estes mais cinco seleccionados de acordo com um ranking de rendimento. Os planos para esta competição foram inicialmente denunciados pelo Football Leaks, projecto encabeçado por Rui Pinto. Florentino Pérez, presidente do Real Madrid, deu a cara por esta Superliga europeia, mas os planos seriam cancelados após se registarem críticas à escala mundial.

Vista como um substituto à Liga dos Campeões, a competição foi acusada de ser elitista e de privilegiar o poderio financeiro dos clubes. Apenas 48 horas após ser anunciada, os planos para a Superliga seriam suspensos por tempo indeterminado.

A competição tinha previsto um bolo de 3,5 mil milhões de euros, repartido entre os clubes fundadores antes de ser dado o primeiro pontapé na bola. À cabeça, cada clube iria receber entre 200 e 300 milhões de euros. A estas verbas seriam ainda acrescentados os acordos comerciais dos patrocínios e transmissões televisivas. Tudo somado, as receitas para os envolvidos iriam superar em muito o que as melhores equipas recebem actualmente na Liga dos Campeões. O banco norte-americano de investimento JPMorgan Chase seria o financiador principal neste projecto.

“Jogadores que entrem nessa prova [Superliga Europeia] serão banidos de entrar em Mundiais e Europeus", diria, na altura, o presidente da UEFA, Aleksander Ceferin. Dezenas de clubes, políticos e outras figuras do Desporto uniram-se contra a realização da prova. Agora, após a mais recente decisão, resta aguardar pelas movimentações dos clubes mais poderosos da Europa.

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