Novo supercomputador com participação de Portugal inaugurado em Barcelona

Espanha, Portugal e Turquia fazem parte do consórcio do novo supercomputador instalado em Barcelona, tendo os cientistas destes países acesso a uma percentagem do tempo de utilização.

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O primeiro-ministro de Espanha, Pedro Sánchez, na inauguração do supercomputador MareNostrum, em Barcelona5 Andreu Dalmau/EPA

O MareNostrum 5, um supercomputador inaugurado esta quinta-feira em Barcelona, é dos computadores com maior potência da Europa e resultou de um consórcio de que fazem parte Espanha, Portugal e Turquia, tendo sido financiado em 50% pela União Europeia.

"As capacidades e versatilidade deste novo supercomputador serão fundamentais para dotar a Europa da tecnologia mais avançada no âmbito da supercomputação e acelerar a capacidade de investigar com inteligência artificial, permitindo novos avanços científicos que ajudarão a resolver desafios globais" relacionados com as alterações climáticas ou a medicina, segundo a informação enviada aos meios de comunicação social pelo Centro de Supercomputação de Barcelona (BSC, na sigla em inglês), o centro nacional de supercomputação de Espanha.

O MareNostrum agora oficialmente inaugurado pelo primeiro-ministro de Espanha, Pedro Sánchez, o quinto de uma geração de supercomputadores instalados em Barcelona desde 2005, custou 202 milhões de euros e foi em 50% financiado pela Comissão Europeia.

Os restantes 50% foram assumidos por Espanha (na sua maioria), Portugal e Turquia, com a percentagem que coube a cada um dos países a não ser revelada pelo BSC. A comparticipação nos custos permitirá a cientistas de cada um dos três países usar o supercomputador em 50% do seu tempo de funcionamento.

Os restantes 50% do tempo disponível serão distribuídos pela empresa europeia criada em 2018 para desenvolver a computação na União Europeia (UE), a EuroHPC, que abrirá concursos a nível europeu com esse objectivo.

"A arquitectura singular do MareNostrum 5 foi desenhada para oferecer aos investigadores a melhor tecnologia disponível para procurar respostas às grandes perguntas da ciência", escreveu o BSC na informação que deu aos jornalistas.

O novo MareNostrum aumentou, em relação aos anteriores, a potência de cálculo, a memória do sistema e o número de núcleos que integra, pelo que "ajudará a solucionar mais problemas e de maior complexidade".

"Por exemplo, as simulações de alterações climáticas poderão ter maior resolução", diz o BSC, que estima que o MareNostrum 5 venha a ter um papel-chave no projecto Destination Earth, da União Europeia, que tem como objectivo desenvolver uma réplica virtual completa do planeta Terra que permita prever os efeitos das mudanças no clima e criar e testar cenários para um desenvolvimento mais sustentável.

Segundo o BSC, o supercomputador permitirá também estudar "problemas muito mais complexos de inteligência artificial e de análise de grandes volumes de dados", com a possibilidade de serem gerados "modelos de linguagem em massa treinando redes neuronais muito maiores" do que actualmente ou do reforço da investigação médica europeia para criar novos medicamentos, desenvolver vacinas ou simular a propagação de vírus.

Será também "uma ferramenta crucial para a ciência de materiais e a engenharia", segundo o BSC.

Para dar uma ideia da potência do MareNostrum 5, o BSC compara a capacidade máxima de cálculo do supercomputador ao de mais de 380 mil computadores portáteis de gama média-alta. Os cálculos do MareNostrum 5 numa hora são equivalentes aos que um portátil desses faria em 46 anos.

Quanto ao armazenamento, o MareNostrum 5 poderia guardar 1280 cópias de todos os livros catalogados no mundo ao longo de toda a história.

O supercomputador ocupa 800 metros quadrados num espaço que tem mais de seis metros de altura e é 23 vezes mais potente do que o predecessor (MareNostrum 4) e cerca de 10.000 vezes mais potente do que o primeiro MareNostrum.