O Porsche Macan com motores de combustão vai desaparecer do catálogo da marca nos países da União Europeia (UE), depois de ter sido deliberado que o automóvel não corresponde aos regulamentos de cibersegurança impostos.
A marca escudou-se com o facto de esses regulamentos não estarem em vigor quando a actual geração foi desenvolvida, mas a UE considera que a Porsche pode (e deve) actualizar o modelo se quer continuar a tê-lo à venda. Só que, avançou um porta-voz da empresa do grupo VW, para cumprir os novos requisitos, a actualização do modelo seria demasiado dispendiosa — e, numa altura que há uma nova geração na forja, não compensa o investimento.
A regulamentação WP.29 — desenvolvida pela UE em cooperação com a Comissão Económica das Nações Unidas para a Europa (ONU/UNECE) — exige que os veículos obtenham uma certificação para garantir a sua cibersegurança ao longo de todo o seu ciclo de vida e será aplicada sobre todos os automóveis novos comercializados no espaço europeu a partir de 1 de Julho de 2024.
Para obter a certificação de cibersegurança, os fabricantes têm de demonstrar que os seus modelos estão protegidos contra 70 vulnerabilidades, entre as quais potenciais ciberataques, desde o período de desenvolvimento até à vida na estrada, sem esquecer a fase de produção.
Caso um fabricante não cumpra o regulamento WP.29 ou se prove que enganou a autoridade de homologação para obter o certificado de forma irregular, as sanções são duras: até 30 mil euros por veículo vendido, além da revogação da homologação dos modelos afectados, impedindo a sua comercialização.
O Macan, que representa a porta de acesso para 80% dos novos clientes da Porsche, abandona assim 27 mercados, Portugal incluído, onde era proposto a partir de 89.481€. Resta saber se o emblema de Estugarda consegue lançar a próxima geração ainda antes da saída de cena obrigatória deste modelo, de forma a salvaguardar o seu lugar de mercado.
O Macan tem nova geração, prevista para o início de 2024, sobre uma plataforma desenvolvida em conjunto com a Audi, a Premium Platform Electric (PPE), que será usada também no Q6 e-tron, e será o segundo eléctrico da Porsche depois do Taycan a destacar-se pela potência a rodos.
Inicialmente previsto para o ano corrente, o Macan eléctrico pode integrar até dois motores, a debitarem uma potência máxima de até 611cv e 1000 Nm de binário. A energia é servida por uma bateria de 100 kWh, capaz de aguentar carregamentos até uma potência de 270 kW em corrente contínua (na prática, significa que, para repor cem quilómetros de autonomia, bastarão poucos minutos). Tal como o Taycan, o Macan eléctrico baseia-se numa arquitectura de 800 volts, o que garante menos perdas de energia e componentes mais leves.
E a dinâmica poderá fazer com que não se sinta grandes saudades dos Macan a motor de combustão, já que a suspensão segue um desenho semelhante: na frente, há um duplo braço e, na traseira, um sistema de cinco braços. As molas podem ser metálicas ou, em opção, pneumáticas e há um sistema de rodas traseiras direccionais entre os extras — viram na direcção oposta à das rodas dianteiras a baixas velocidades e no mesmo sentido acima dos 80 km/h.
Sobre o interior, sabe-se que o painel de bordo pode ser equipado com até três ecrãs (um para instrumentação; outro para o infoentretenimento central; e um terceiro exclusivo do passageiro, sendo ainda disponibilizado um head-up display de realidade aumentada). O sistema de conectividade é compatível com Apple CarPlay e Android Auto.