Inteligência Artificial levará às primeiras extinções de empregos já em 2024

Segundo a ResumeBilder, 44% dos líderes empresariais inquiridos assumem que IA conduzirá a despedimentos de “cargos redundantes” já em 2024, mesmo que não leve ao total extermínio da acção humana.

Foto
De acordo com o relatório State of AI at Work 2023, os funcionários da empresa de software americana Asana afirmaram que, em média, quase um terço das suas tarefas poderiam ser feitas pela IA Pexels

A par da crescente banalização das ferramentas de Inteligência Artificial (IA), o relatório do ResumeBuilder expõe que 44% de 750 líderes empresariais afirmam que haverá despedimentos resultantes da eficiência da IA já em 2024. Ainda assim, muitos discordam da visão de Elon Musk, que diz que a IA conduzirá a um cenário em que "não será necessário nenhum emprego".

Este ano registou grandes avanços na área da IA generativa, através das ferramentas ChatGPT e Bard, que representaram investimentos gigantescos — a Microsoft investiu 9,5 mil milhões de euros na OpenAI e a Amazon gastou 3,7 mil milhões de euros na Anthropic — e uma maior atenção dos decisores políticos, de que é exemplo a legislação de regulação da União Europeia ou a ordem executiva do Presidente dos Estados Unidos, que impõe 150 requisitos para as agências federais lidarem com a tecnologia.

Dentro de uma década, estimam especialistas, a IA pode começar a aproximar-se dos padrões de funcionamento da inteligência humana e alcançar a chamada "inteligência geral artificial" (AGI, na sigla em inglês), em que as máquinas teriam a capacidade de entender, aprender e desenvolver qualquer tarefa intelectual que um ser humano possa realizar. A futura AGI poderá tecer narrativas complexas ou compor sinfonias, harmonizando várias entradas de conteúdo, como texto, voz, melodias e elementos visuais, numa abordagem que poderá permitir experiências multissensoriais.

Para já, será a vulgarização do novo modelo de linguagem generativa da OpenAI, denominado GPT-4, a marcar os primeiros meses de 2024, mas estão previstos os lançamentos de outros modelos de linguagem de grande dimensão (LLM), como o PaLM2 da Google e o Gopher da DeepMind, subsidiária da Google.

Citado num relatório da Universidade de Stanford, o director do Laboratório de Economia Digital da universidade, Erik Brynjolfsson, prevê que as empresas comecem por eliminar os cargos redundantes. A IA "vai afectar os trabalhadores do conhecimento, pessoas que foram largamente poupadas por grande parte da revolução informática dos últimos 30 anos", como "advogados, financeiros, entre outros". Também Erik Brynjolfsson não antevê a automatização de "qualquer trabalho".

​De acordo com o relatório State of AI at Work 2023, os funcionários da empresa de software americana Asana afirmaram que, em média, quase um terço das suas tarefas poderiam ser feitas pela IA. Ainda assim, o mesmo relatório expõe que, se "centrada no ser humano", a integração da IA pode ter um impacto positivo.

No que à ética diz respeito, Finale Doshi-Velez, professora da escola Paulson de engenharia e ciência aplicada da Universidade de Harvard, frisa que "não devemos esperar que as ferramentas de IA se tornem comuns para nos certificarmos de que são éticas". Por outro lado, o volume de informação em causa é de tal modo gigantesco que exige bases de dados e novos processadores especializados em computação gráfica que terão custos ambientais imediatos devido ao elevado consumo de energia.

Novos recursos em "design" generativo, uma nova geração de ferramentas que permitem aos "designers" descrever requisitos para obter projectos finais, são também esperados em 2024, a par de novos modelos de programação para IA. De acordo com um estudo da consultora AIM Research, 40% das aplicações empresariais já terão "chatbots" ou interface de linguagem natural com IA nas suas plataformas.

No plano da educação, esperam-se novas ferramentas de resumo de conteúdo de uso comum e os modelos de ensino terão de alterar a forma de avaliação porque o uso será generalizado, segundo o mesmo estudo.

Apesar do crescimento exponencial, especialistas sublinham que a IA ainda está longe de adquirir alguma forma de autoconsciência plena que define as condições em que, numa conversa com um "chatbot", um ser humano não conseguirá discernir que está a falar com uma máquina.