Mais de 450 médicos pediram declaração para emigrar este ano
Nos últimos cinco anos, o número de médicos que fez este pedido ascendeu aos 1888, no total de dados de duas secções regionais da Ordem dos Médicos.
Este ano, pelo menos 453 médicos pediram às secções regionais Sul e Centro da Ordem dos Médicos a declaração que permite que possam emigrar para trabalhar, fazer estágios ou formações. Segundo os dados divulgados pelo Diário de Notícias, nos últimos cinco anos o número de médicos que fez este pedido ascendeu aos 1888, no total das duas secções regionais.
O jornal revela, na edição desta segunda-feira, que na secção regional do Sul, entre Janeiro e o início de Dezembro, foram recebidos 341 pedidos. Olhando para anos fechados, no ano passado foram 426 pedidos de declarações, em 2021 registaram-se 263 pedidos, em 2020 foram 302, e em 2019 esse número chegou aos 338.
Já na secção regional Centro, até Novembro deste ano passaram 112 declarações. Mais do que em qualquer outro ano, refere o jornal, dando conta que em 2022 foram emitidas 59 declarações, em 2021 foram 46, em 2020 foram 34 e em 2019 foram 79.
A secção regional do Norte não deu dados.
Na lista dos países mais procurados estão o Reino Unido, a Alemanha, a Suíça, a Irlanda, os Estados Unidos da América, o Canadá, a Austrália e a Arábia Saudita.
O pedido de declaração não implica que o médico tenha efectivamente emigrado, mas para o bastonário da Ordem dos Médicos é sinal da insatisfação sentida. "Os médicos estão a sair do SNS porque estão insatisfeitos, porque não se sentem bem e porque vêem o SNS a desmoronar-se de dia para dia", disse Carlos Cortes, lembrando que recentemente mais de 400 vagas para formação especializada ficaram por preencher.
"Tive a oportunidade de perguntar a muitos médicos ainda na formação geral o que iriam escolher como especialidade e fiquei surpreendido com a quantidade que me referiu que queria ir para o estrangeiro. Isto deixou-me triste. Nem imagina, eram médicos que estavam a acabar a sua formação em Portugal mas que não iam fazer cá a sua especialidade porque a opção era trabalhar fora do país", lamentou o bastonário Carlos Cortes, em declarações ao Diário de Notícias.