Sissi reeleito sem surpresa Presidente do Egipto

Mesmo com a crise económica, era um resultado esperado: o chefe de Estado teve 89,6% dos votos, com a maior taxa de participação da história. No discurso de vitória prometeu “uma nova república”.

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Apoiante do Presidente festeja a sua reeleição no Cairo TAREK WAJEH/EPA
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O Presidente do Egipto, Abdel Fattah al-Sissi, prometeu esta segunda-feira construir uma “nova república” no país, após ter sido oficialmente declarado vencedor das eleições presidenciais, com 89,6% dos votos.

“Estou ciente da dimensão dos desafios (…) e reafirmo que estou consciente de que o herói destes desafios é o povo egípcio, que enfrentou o terrorismo e a violência, suportou a reforma económica e as suas consequências”, afirmou al-Sissi num discurso transmitido pela televisão, após a divulgação dos resultados das eleições que decorreram nos dias 10, 11 e 12 de Dezembro.

O chefe de Estado, de 69 anos, renovou o seu compromisso para continuar a construir um país “democrático” que reúna “todos os seus cidadãos respeitando a Constituição e as leis”, mas as eleições estavam garantidas para Al-Sissi não ter uma verdadeira oposição.

Dois dos outros candidatos eram desconhecidos para a maioria da população. O único opositor que poderia causar alguma sombra a Al-Sissi, o deputado de esquerda Ahmed el-Tantawy, retirou-se da corrida em Outubro, acusando as autoridades de deterem várias dezenas dos seus apoiantes e que a sua campanha tinha sido atacada por apoiantes do Presidente.

“Expresso o meu grande reconhecimento e gratidão a todos os que participaram neste importante evento, durante esta fase particular em que o país enfrenta vários desafios a todos os níveis”, afirmou. “Esta guerra em curso nas nossas fronteiras orientais exige todos os nossos esforços para evitar a sua continuação, representando uma ameaça à segurança nacional do Egipto e à causa palestiniana no geral”, acrescentou, concluindo que os egípcios que foram votar “não estavam apenas a eleger o Presidente para um novo mandato”, mas também a “expressar a todo o mundo a sua oposição a esta guerra desumana”.

O Egipto é um dos mediadores, juntamente com o Qatar e os Estados Unidos, no conflito de Gaza entre Israel e Hamas e tem estado envolvido nas tréguas e na libertação de reféns.

Camiões de ajuda humanitária têm entrado também no enclave palestiniano a partir do Egipto através de Rafah, a única passagem fronteiriça com o território ocupado não controlada por Israel.

O chefe da Autoridade Eleitoral Nacional do Egipto, Hazem Badawy, proclamou al-Sissi vencedor de uma eleição com “a maior taxa de participação na história do Egipto”, 66,8%.

O Presidente recebeu 39.702.451 votos, ou seja 89,6%, contra 97% nas eleições de 2018, enquanto o segundo candidato mais votado foi Hazem Omar, do Partido Popular Republicano (RPP), com 1.986.352 votos (4,5%).

As eleições foram marcadas pelo receio de uma possível fuga de palestinianos da Faixa de Gaza para o Egipto, mas também pelo descontentamento generalizado da população face à grave crise económica que o país atravessa, marcada por uma taxa de inflação oficial de quase 40% e pela depreciação da libra egípcia para metade do seu valor.