Sismo mata pelo menos 115 pessoas no Noroeste da China
O terramoto, ocorrido nas províncias de Gansu e Qinghai, numa região remota e fria do país, com as temperaturas a chegarem aos 15 graus negativos, deixou mais de 500 pessoas feridas.
O número de mortos causado pelo sismo de magnitude 6,2 que abalou partes das províncias de Gansu e Qinghai, no Noroeste da China, na segunda-feira à noite, ascende a 115, informou a imprensa estatal.
O terramoto, ocorrido numa região remota e fria do país, com as temperaturas a chegarem aos 15 graus negativos, deixou mais de 500 pessoas feridas, danificou casas e estradas e interrompeu o fornecimento de energia e as telecomunicações.
A televisão estatal CCTV informou que 105 pessoas morreram na província de Gansu e outras 11 na província vizinha de Qinghai. O terramoto ocorreu a uma profundidade de dez quilómetros (seis milhas), pouco antes da meia-noite de segunda-feira.
O terramoto atingiu a vila de Jishishan, em Gansu, a cerca de cinco quilómetros de Qinghai. O epicentro foi a cerca de 1300 quilómetros a sudoeste de Pequim, a capital da China. As operações de resgate estão a decorrer, de acordo com a imprensa local.
Mais de 300 pessoas foram tratadas devido aos ferimentos até ao início da manhã, segundo a televisão estatal CCTV. Pelo menos 140 pessoas ficaram feridas em Qinghai e outras 397 em Gansu, detalhou a agência noticiosa oficial Xinhua.
O Serviço Geológico dos Estados Unidos revelou que a magnitude do terramoto foi de 5,9.
A CCTV informou que houve interrupções no fornecimento de água e electricidade, bem como nas infra-estruturas de transportes e comunicações.
O terramoto foi sentido em Lanzhou, a capital da província de Gansu, cerca de 100 quilómetros a nordeste do epicentro. Os estudantes universitários de Lanzhou saíram apressadamente dos seus dormitórios e permaneceram no exterior, de acordo com publicações nas redes sociais.
Muitos vestiam apenas o pijama numa noite fria de Inverno, disse Wang Xi, um estudante da Universidade de Lanzhou que partilhou as imagens. “O terramoto foi demasiado intenso”, descreveu. “Sentia as pernas fracas, especialmente quando descemos a correr as escadas do dormitório.”
Tendas, camas dobráveis e edredões estavam a ser enviados para a região, segundo a CCTV. O Presidente chinês, Xi Jinping, apelou a um esforço total nos trabalhos de resgate para minimizar o número de vítimas.
A temperatura mínima durante a noite na região foi entre 15 e 9 graus Celsius negativos, informou a Administração Meteorológica da China.
Um vídeo publicado pelo Ministério da Gestão de Emergências mostrou trabalhadores em uniformes cor de laranja a usar alavancas para tentar mover pedaços pesados de betão durante a noite. Outros vídeos difundidos pela imprensa mostram trabalhadores a levantar uma vítima e a ajudar uma pessoa ligeiramente cambaleante a andar, numa área coberta de neve.
25 milhões de euros para ajudar vítimas
O Governo da China atribuiu 200 milhões de yuan (cerca de 25 milhões de euros) para ajudar nos esforços de resgate e socorro.
Desse montante, 150 milhões de yuans (19,2 milhões de euros) vão ser utilizados para ajudar a província de Gansu, enquanto os outros 50 milhões de yuans (6,4 milhões de euros) vão para a vizinha província de Qinghai, informaram o Ministério da Gestão de Emergências e o Ministério das Finanças.
Horas depois do terramoto que fez mais de 115 vítimas, um segundo tremor de terra de magnitude 5,5 abalou a região de Xinjiang, no Noroeste da China, sem que tenham sido registadas vítimas até ao momento, informou o Centro da Rede Sismológica da China. O terramoto ocorreu às 9h46 (1h46, em Lisboa) e o epicentro foi na região de Artush, na província de Xinjiang, numa área que faz fronteira com a Quirguízia, informou a agência noticiosa oficial Xinhua.
Até ao momento, as autoridades não registaram quaisquer vítimas ou danos materiais neste terramoto. Este segundo terramoto ocorreu a mais de 3 mil quilómetros de distância do primeiro, numa zona habitada pelas minorias étnicas uigures e quirgizes.
Os terramotos são comuns no Noroeste da China, uma região montanhosa que se ergue para formar o limite oriental do planalto tibetano.
Em Setembro do ano passado, pelo menos 74 pessoas morreram num terramoto de magnitude 6,8 que abalou a província de Sichuan, no Sudoeste da China, provocando deslizamentos de terras e abalando edifícios na capital da província, Chengdu, onde 21 milhões de habitantes se encontravam em confinamento devido a um surto de covid-19.
O terramoto mais mortífero da China nos últimos anos foi um de magnitude 7,9, ocorrido em 2008, que matou quase 90 mil pessoas em Sichuan. O tremor devastou cidades, escolas e comunidades rurais nos arredores de Chengdu, levando a um esforço de reconstrução com materiais mais resistentes que durou anos.