Todas as regiões cresceram acima dos valores pré-pandemia em 2022, à boleia do turismo
O Algarve e a Madeira, ambos com aumentos do PIB em torno de 20%, são as regiões que mais cresceram em 2022, mas Lisboa e Norte continuam a concentrar o maior nível de riqueza do país.
Todas as regiões portuguesas viram o produto interno bruto (PIB) crescer, em 2022, acima dos valores que eram registados antes da pandemia, graças, sobretudo, ao impulso dado pelo turismo. Algarve e Madeira destacam-se como as regiões com o maior crescimento, mas são a Área Metropolitana de Lisboa e o Norte que concentram o maior nível de riqueza, respondendo por quase dois terços do PIB nacional.
Os dados, ainda provisórios e divulgados nesta segunda-feira, são do Instituto Nacional de Estatística (INE), que dá conta de que, em 2022, o PIB do país registou um crescimento nominal de 12,2%. Já em termos reais (isto é, levando em conta a inflação), o crescimento cai para 6,8% (uma revisão em alta face à primeira estimativa) ao nível nacional. Ao todo, o PIB nacional fixou-se em 242.341 milhões de euros no final do ano passado.
Mesmo assim, tanto em termos nominais como em termos reais, a economia cresceu acima dos valores que eram registados em 2019, antes da pandemia, em todas as regiões. Considerando o crescimento nominal, o Algarve destaca-se, com um crescimento anual superior a 21%, seguido pela Região Autónoma da Madeira, cujo PIB cresceu 19,8% no ano passado. A Madeira destaca-se, ainda, por ter sido a região que mais cresceu em relação ao período pré-pandemia, com um aumento nominal do PIB de 17,4% face a 2019.
Em sentido contrário, a Região Centro apresentou o crescimento económico mais modesto, mas ainda assim significativo, de 9,1% em 2022. Já o Norte e o Alentejo registaram ambos subidas do PIB em torno dos 10%, enquanto os Açores cresceram 12% e a Área Metropolitana de Lisboa registou um crescimento superior a 14%.
As regiões que apresentam desempenhos mais modestos da economia em 2022, ressalva o INE, são, regra geral, aquelas que “tinham sido menos afectadas pela pandemia nos dois anos anteriores”, enquanto “as regiões com crescimentos mais intensos em 2022 registaram contracções mais fortes nos anos da pandemia”.
No ano em análise, mostram ainda os dados do INE, Lisboa e Norte mantiveram-se como as principais regiões económicas do país. Em 2022, o PIB da Área Metropolitana de Lisboa totalizou 87.368 milhões de euros, enquanto o PIB da Região Norte ascendeu a 71.873 milhões de euros, o que fez com que, em conjunto, estas duas regiões concentrassem perto de 66% do produto nacional.
No lado oposto estão os Açores e a Madeira, cujo PIB totalizou em torno de 5,1 mil milhões e seis mil milhões de euros, respectivamente, os valores mais baixos a nível nacional.
Turismo dá o maior impulso
A contribuir para estes crescimentos estiveram, sobretudo, as actividades ligadas ao sector do turismo. Essa foi a tendência verificada em todas as regiões do país, sem excepção, enquanto as quebras nos sectores da agricultura e pesca, bem como na indústria, impediram crescimentos mais acentuados em algumas regiões.
“Para o crescimento real do PIB do Algarve, da Região Autónoma da Madeira e da Área Metropolitana de Lisboa contribuiu significativamente o valor acrescentado bruto dos ramos do comércio, transportes, alojamento e restauração e dos serviços prestados às empresas, actividades com relevância significativa na estrutura produtiva destas regiões", refere o INE.
No caso do comércio, transportes, alojamento e restauração, o volume acrescentado bruto destas actividades registou aumentos de 36,7% no Algarve, 33,4% na Madeira e 18,4% em Lisboa. Já o valor acrescentado bruto dos serviços prestados às empresas aumentou 25%, 27,5% e 10,4%, respectivamente, nas mesmas regiões.
Também no Norte se destaca o crescimento das actividades ligadas ao turismo (de 12%), bem como dos serviços prestados às empresas (9,6%).
Já nos Açores, embora a região tenha “beneficiado do crescimento ligeiramente acima do país dos ramos do comércio, transportes, alojamento e restauração e dos serviços prestados às empresas”, a queda de 2,6% da agricultura, silvicultura e pesca condicionou o desempenhou económico. O mesmo aconteceu no Alentejo, onde a queda de 15,5% da indústria extractiva e de 6% da agricultura, silvicultura e pesca eliminou parte do contributo positivo dado pelo comércio, transportes, alojamento e restauração.