Sporting não defende mal, mas poderá ter guarda-redes “a menos”

Nos 15 golos sofridos pelos “leões” na Liga, Antonio Adán tem responsabilidade directa em três e parcial em cinco. Análise qualitativa e quantitativa atesta a tese.

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Antonio Adán, guarda-redes do Sporting Reuters/ERIC GAILLARD
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Antonio Adán, guarda-redes do Sporting, tem estado sobre brasas por apresentar, para muitos, um rendimento abaixo do exigido num candidato ao título – e abaixo do que já produziu, por exemplo, no primeiro ano de Sporting, com impacto claro no campeonato conquistado. Podemos medir esta crítica de duas formas: uma qualitativa, com análise crua à resposta prática do guardião nos golos sofridos, e uma quantitativa, com recurso a estatísticas.

Quinze golos sofridos, responsabilidade directa em três e responsabilidade parcial em cinco. É esta a análise qualitativa ao desempenho de Antonio Adán no Sporting em 2023-24.

Mas estes dados, subjectivos e discutíveis, podem ser atestados por outros – nada subjectivos e nada discutíveis. Como aqueles que nos mostram que o Sporting defende bem e permite poucas oportunidades, mas sofre mais golos do que “deveria” sofrer, tendo em conta a probabilidade de sucesso dessas ocasiões de golo – falamos do valor de xGc (golos esperados contra), dado estatístico que permite traduzir em números a eficácia das equipas a defender.

“Trocado por miúdos”, ou o Sporting tem tido muito azar com o especial acerto dos adversários quando defrontam os “leões” ou o guarda-redes Adán tem sido especialmente incapaz de deter remates – e esta segunda opção parece bastante mais verosímil, até por já irmos com 13 jornadas, número que ajuda a recusar valores enviesados por uma amostra curta.

Cruzando referências dos sites Fotmob, Who Scored e Opta Analyst, o Sporting é a equipa da I Liga que permite menos remates aos adversários e que tem um xGc mais baixo – ou seja, está a defender bem, porque permite pouco aos adversários e o pouco que permite é, geralmente, em situações de baixa probabilidade de sucesso.

No entanto, é a quarta equipa (quinta, em alguns registos) cujo valor de golos sofridos mais supera o xGc – sofreu 15 e só “deveria” ter sofrido dez.

Depois, cinco dos 15 golos foram em bolas paradas. Mas o Sporting é, de muito longe, a equipa que menos remates permite em bolas paradas – portanto, defende bem essas situações –, ainda que sofra muito mais do que seria suposto. É a equipa que mais supera o xGc em bolas paradas.

Tudo isto sugere que a equipa defende bem no sentido em que permite pouco aos adversários, mas defende mal no sentido em que sofre mais do que deveria. A conclusão evidente é a de que tem, na baliza, um guarda-redes menos efectivo do que desejaria ter.

Vizela, Farense, Arouca

Podemos conjugar tudo isto com um prisma mais subjectivo e palpável. Nessa medida, viajemos pelos 15 golos sofridos por Adán neste campeonato.

Desses 15, será justo dizer que em sete deles não teve qualquer responsabilidade – segundo golo do Vizela, o do Sp. Braga, o primeiro do Estrela, os dois do Benfica e os dois últimos do Vitória.

Há, no entanto, três em que tem culpas evidentes. Saiu em falso no primeiro golo do Vizela e foi apanhado fora da baliza, permitindo finalização de baliza aberta. E sofreu, com o Farense, de livre-directo, um golo com a bola a entrar no lado do guarda-redes – geralmente, prova suficiente de culpa, mas com o factor adicional de ter dado um salto bastante curto, com pouca extensão lateral. Ainda leu mal um cruzamento com o Arouca, dando um passo à frente, antes de se arrepender ser apanhado a meio caminho com um cabeceamento.

Por fim, sobram cinco lances nos quais, não tendo culpas claras, poderia, aparentemente, ter feito algo mais.

Com o Casa Pia, a bola passou-lhe por baixo do braço – poderia ter feito mais, mas não é culpado. No segundo golo do Estrela, foi novamente apanhado a meio caminho numa saída – poderia ter feito mais, mas não é culpado. Lançou-se muito tarde no primeiro golo do Farense, de livre directo, atirando-se quase com a bola a passar a linha de baliza – poderia ter feito mais, mas não é culpado.

Frente ao Gil Vicente, sofreu num remate feito de muito perto, mas “à figura” – poderia ter feito mais, mas não é culpado. E também foi surpreendido frente ao Vitória com um remate sem ângulo, colocado rasteiro entre Adán e o “seu” poste – poderia ter feito mais, mas não é culpado.

Em suma, é por culpa de Adán que o Sporting tem sofrido mais golos do que seria suposto? Dizê-lo poderá ser injusto, mas há dados que sugerem que o guarda-redes espanhol atravessa um período de menor fulgor.

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