As algas na alimentação de suínos

As algas marinhas são uma fonte abundante de biomassa, com aplicações desde a indústria farmacêutica à alimentar. O objetivo do meu doutoramento é avaliar a sua incorporação em dietas para leitões.

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Algas verdes no areal da praia de Monte Gordo David Vieira Santos
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A alimentação animal representa um sector vital da economia, que permite a produção de proteína animal com alto valor biológico. Esta indústria requer grandes quantidades de alimentos, principalmente commodities, tais como trigo, milho e bagaço de soja. Estes são particularmente relevantes quando falamos de animais monogástricos, tais como suínos e frangos, cujas dietas dos sistemas convencionais utilizam grandes quantidades de cereais e bagaço de soja.

De acordo com o Instituto Nacional de Estatística, em 2021, apenas 6,3% da utilização interna de trigo (incluindo alimentação humana e animal) foi satisfeita por produção nacional, o que, combinado com uma capacidade de aprovisionamento abaixo dos 10%, culmina numa forte dependência de importação para satisfazer as necessidades internas.

Para além disso, a utilização destes mesmos alimentos cria um problema de competição entre os animais que criamos e nós mesmos, uma vez que estes podem ser usados na sua forma primária para alimentação humana. Adicionalmente, a importação de matérias-primas pode contribuir para o agravamento da sustentabilidade ambiental dos sistemas de produção, dependendo das práticas do país de origem e da distância do mesmo.

Logo, são precisas alternativas, nomeadamente de produção local, com alto valor nutricional, para alimentar os animais de produção e aumentar a nossa soberania alimentar.

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O investigador David Vieira Santos DR

As algas (ou macroalgas) são uma dessas alternativas. Constituem um grupo de seres vivos altamente heterogéneos, que podem ser apanhadas na natureza, ou produzidas, como nos sistemas de aquacultura multitrófica, onde se produzem em simultâneo peixes, algas e/ou bivalves, permitindo a circulação e reutilização de nutrientes.

Algumas destas algas, tais como a Laminaria digitata e Ulva lactuca, possuem uma composição nutricional muito interessante, que permite diferentes aplicações. A primeira é uma alga castanha com propriedades que ajudam a promover uma população microbiana saudável no intestino dos animais, enquanto a segunda é uma alga verde, com níveis de proteína suficientemente altos para permitirem reduzir a incorporação de bagaço de soja. No entanto, ambas possuem paredes celulares que podem ser de difícil digestão por animais monogástricos.

Por isso, procurámos ao longo do meu doutoramento, no Instituto Superior de Agronomia em parceria com a Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade de Lisboa, avaliar a viabilidade da alimentação de leitões com estas duas algas, bem como o efeito da suplementação destas dietas com enzimas que promovem a degradação da parede celular durante a digestão.

Estes estudos representam um primeiro passo na caracterização destes alimentos para alimentação de suínos, aliando técnicas laboratoriais clássicas com ferramentas biotecnológicas inovadoras. Com estes estudos ambicionamos potenciar a exploração de um recurso marinho abundante na costa portuguesa, aumentando a sustentabilidade ambiental das cadeias de produção.

O autor escreve segundo o novo acordo ortográfico

Aluno de doutoramento em Engenharia Agronómica no LEAF – Centro de Investigação em Agronomia, Alimentos, Ambiente e Paisagem no Laboratório Associado Terra, Instituto Superior de Agronomia da Universidade de Lisboa

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