Resumo das primeiras semanas de rede Unir: “fora de serviço”

No início de Dezembro, a Unir começou a operar em Gondomar, Valongo, Paredes, Santo Tirso e Gaia de forma “desconcertante”.

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Megafone P3: A rede UNIR e a inconsciência da Câmara do Porto Nelson Garrido/Público
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A 1 de Dezembro, e praticamente no improviso, a Rede Unir da Área Metropolitana do Porto (AMP) começou a operar o Lote 2 (Gondomar/ Valongo/ Paredes/ Santo Tirso); o Lote 4 (Gaia/ Espinho); e o Lote 5 (Sta. M. da Feira/ Ol. de Azemeis/ Arouca/ S. J. da Madeira/ Vale de Cambra).

Sem autocarros suficientes, sem motoristas suficientes, sem horários, sem paragens, com as máquinas a não funcionar correctamente e com erros nas bandeiras de destino como "8020 ESTÃDIO DO DRAGÃO", a rede arrancou e no primeiro dia útil de operação mostrou que não só a Unir como a STCP não estavam prontas para o que aí vinha.

Falharam carros e horários. Ver os carros da nova empresa andarem de um lado para o outro a dizer "fora de serviço" também deixou uma péssima impressão aos utilizadores.

Outro motivo que leva ao descontentamento colectivo é o facto de a nova empresa estar limitada à fronteira com o Porto, não podendo passar do Estádio do Dragão, Casa da Música, Hospital de São João, Viso e Sete Bicas.

Algo que acontecia com os operadores privados. Por exemplo, a Empresa de Transportes Gondomarense (ETG) tinha quatro linhas (27/55/69/70) a acabar no Campo 24 de Agosto, reforçando a oferta entre o Campo 24 de Agosto e São Roque, um eixo de grande afluência e muito importante. Já na fase final, apenas as três últimas linhas iam ao Campo 24 de Agosto e a 27 ao Estádio do Dragão.

Agora, com a rede Unir todas as linhas da antiga ETG, e também a antiga V94 da Valpi (agora 7009), passam a ir apenas ao Estádio do Dragão, algo que prejudica os utentes e a STCP.

Com esta limitação imposta pela Câmara do Porto, a STCP teve um pico de procura maior do que a que poderia suportar. Esta decisão apenas faz com que a STCP ganhe duas coisas: validações e reclamações.

Hoje, a STCP reforçou a sua oferta com viaturas articuladas nas linhas 700, 800, 801 e também autocarros de dois pisos na linha 700, mas mesmo assim, andaram todos lotados.

Os passageiros que os privados levavam do Campo 24 de Agosto a São Roque são agora transportados pela STCP. Mas a empresa não consegue. Afectando os horários, frequências e reforços que podiam ser dados a zonas onde só passa STCP, e não em zonas onde a Câmara do Porto se livrou das empresas que lá iam.

Apesar de justificarem esse encurtamento dizendo que "há ligações ao Metro", não mencionam que o Metro já opera com uma procura excessiva. Nem a Metro, nem a STCP aguentam com essa explosão de procura.

Se dependermos apenas da STCP e da Metro para irmos ao centro do Porto, que será de nós com as greves da STCP (ou futuros plenários, onde a rede STCP é radicalmente diminuída) e as greves da Metro?

Enquanto a Câmara do Porto não se aperceber que está a afectar os munícipes e as pessoas dos outros concelhos que trabalham no Porto, e continuar com esta ideia orgulhosa e desmedida de privatizar à força e sem olhar a consequências o monopólio da STCP, quem vai perder somos nós, que dependemos dos transportes. Dizermos às pessoas para "usar transportes públicos e não vir de carro para o Porto" e tirarmos empresas de transportes que nos levam à cidade é uma hipocrisia.

Por último, não nos resta outra opção se não protestar contra as promessas não cumpridas da UNIR e da inconsciência da Câmara Municipal do Porto em expulsar os privados.

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