Já há um galo novo no topo do pináculo de Notre-Dame, símbolo da reconstrução

Escultura dourada ocupa o lugar da que foi destruída no incêndio de 2019. Dentro de um ano, autoridades francesas contam abrir a catedral a visitas e ao culto. Com o Papa, se possível.

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O galo dourado que foi colocado a 96 metros de altura, no topo da "flecha" da catedral parisiense, monumento fundador do gótico europeu Christian Hartmann/Reuters
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O arcebispo de Paris colocando no interior da escultura o pequeno contentor com a lista e as relíquias Christian Hartmann/Reuters
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A operação foi feita com uma grua que deixou o galo dourado a encimar a "seta" de Notre-Dame, a 96 metros do solo Lucien Libert/Reuters
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A promessa foi feita pelo Presidente da república francês, Emmanuel Macron, na própria noite do incêndio que deflagrou a 15 de Abril de 2019 e levou à destruição de boa parte da catedral de Notre-Dame, marco da arquitectura gótica com mais de 850 anos de história e um dos mais importantes monumentos europeus – em 2024, a famosa igreja parisiense estaria de novo aberta a visitantes e fiéis. A um ano da data anunciada, Macron reitera a promessa.

Nos próximos 12 meses o estaleiro de obra terá de funcionar a todo o vapor e, este sábado assistiu a uma operação que assinala, de forma simbólica, os esforços redobrados na que é a fase final dos trabalhos neste edifício a tantos títulos fundador. No topo do icónico pináculo da catedral – a torre estreita a que muitos se referem como “flecha” ou “seta” —, feito à imagem do anterior, já de si reconstruído nas obras de restauro levadas a cabo no século XIX sob a orientação do arquitecto Eugène Viollet-le-Duc, há agora um galo dourado.

A peça — uma “fénix” ou “um galo de fogo”, assim lhe chama o arquitecto Philippe Villeneuve, chefe dos monumentos históricos de França — vem substituir o galo que encimava a “agulha” (o pináculo) da catedral desde 1835 e que foi encontrado nos destroços um dia depois do incêndio, elucida a rede de televisão France 24.

O velho galo, escreve a agência de notícias Reuters, vai ser exposto no museu da catedral e no seu lugar mora agora, resplandecente, o seu sucessor. [O actual galo] mostra que a chama é levada até ao ponto mais alto da catedral... O fogo é levado até lá acima, mas é um fogo de ressurreição, disse Villeneuve aos jornalistas este sábado, recordando o momento em que segurava o galo caído em frente às câmaras, depois da tragédia de 2019.

Embora ainda esteja rodeada de andaimes, a “seta” voltou a fazer parte do skyline de Paris em Novembro. Oito dias antes do novo galo chegar ao cume da torre de 96 metros de altura, Macron disse-se “comovido” com o avanço da operação durante uma visita ao estaleiro onde trabalham diariamente 500 pessoas. “Esta é a imagem da esperança de uma França que se reconstrói”, afirmou o Presidente, que não escondeu que gostaria de ter o próprio Papa Francisco na inauguração.

A partir do início de 2024, os operários começarão a impermeabilizar o telhado de madeira de carvalho com chumbo. O mobiliário, as esculturas e outras obras de arte começarão depois a regressar, pouco a pouco, à catedral, assim como o órgão, que foi integralmente restaurado.

O novo galo dourado de Notre-Dame foi içado e colocado no seu lugar por uma grua. Quando estava ainda no solo, foi benzido por Laurent Ulrich, arcebispo de Paris, e no seu interior foi colocada uma longa lista com os nomes de todos aqueles que participaram na reconstrução da “agulha” (perto de dois mil) e relíquias importantes para a comunidade católica da cidade, entre elas aquele que é tido como um fragmento da coroa de espinhos de Cristo.

Se tudo correr como previsto, Notre-Dame, que até ao incêndio recebia 13 milhões de visitantes por ano, deverá voltar a abrir as portas a 8 de Dezembro de 2024.

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