Carla Castro recusa ser candidata em sétimo lugar na lista de deputados da IL por Lisboa
A deputada foi convidada pelo vice-presidente, que lhe ofereceu o sétimo lugar, “eventualmente quinto ou sexto”. Nas últimas legislativas, ocupou o segundo lugar, atrás de Cotrim Figueiredo.
A deputada da Iniciativa Liberal Carla Castro recusou o convite da direcção do partido para integrar a lista de deputados por Lisboa em sétimo lugar, ainda que lhe tenha sido falada a possibilidade de poder ocupar a quinta posição.
“Após ter demonstrado a minha disponibilidade, que estaria naturalmente sujeita às normais condições de trabalho político para incorporar a lista de deputados da IL às próximas eleições legislativas pelo círculo eleitoral de Lisboa, fui convidada pelo vice-presidente da IL, Ricardo Pais de Oliveira, a quem agradeço, para ocupar o sétimo lugar, ‘eventualmente quinto ou sexto’. Decidi não aceitar o convite”, afirma Carla Castro, num comunicado que endereçou ao conselho nacional do partido, a que o PÚBLICO teve acesso, e que a deputada publicou entretanto na rede social X.
Nas legislativas de Janeiro de 2022, os liberais elegeram quatro deputados pelo círculo de Lisboa.
“Acredito numa política resolutiva, orientada à acção. Acredito numa política baseada em princípios sólidos, com metas definidas, com uma perspectiva de serviço público e comprometida com a construção de um Portugal mais liberal. Acredito na relação da política com a sociedade civil, não de forma desconectada e em bolha, mas trabalhando de forma agregadora e orientada às pessoas, a quem os deputados representam”, lê-se no comunicado.
A ex-vice-presidente da bancada parlamentar da Iniciativa Liberal faz um breve um balanço da sua actividade parlamentar, mas antes disso observa que “as mensagens políticas devem ter profundidade e ser mais do que slogans ou soundbite” e, por outro lado, sublinha que “a mensagem política não pode estar assente numa exibição de virtude”.
Partilho por esta via, tendo sido já tornado pública a decisão, a declaração que enviei ao Conselho Nacional da Iniciativa Liberal.
— carla castro (@carlacastroPt) December 15, 2023
Após ter demonstrado a minha disponibilidade, que estaria naturalmente sujeitas às normais condições de trabalho político, para incorporar a lista…
“Para fazer as reformas de que o país tanto precisa, temos de saber falar com quem pensa diferente de nós, com quem tem outras certezas e quer igualmente fazer a diferença”, acrescenta a deputada, dando nota de que o “discurso político agudizou-se e é preciso, dentro e fora dos partidos e num espaço moderado, chegar a consensos e abrir pontes”.
Afirmando que, “a par da determinação e reformismo”, a deputada liberal defende uma “cultura de colaboração em detrimento de uma cultura de contestação” e precisa que “foi assim, com princípios e com visão liberal”, que se realizou e formou como política.
No comunicado, Carla Castro assume-se como “reformista” e enumera algumas das suas bandeiras. “Foi assim que defendi a abertura das escolas durante e após a covid e bati-me pela recuperação das aprendizagens. Foi assim que lutei pela necessidade de um novo contrato social na Segurança Social. Foi assim que trouxe à discussão temas difíceis, como o abordar os equívocos no discurso público entre a flexibilidade e a precariedade, e a necessidade de ter políticas de aumento da produtividade.”
A deputada liberal afirma que “foi assim e com gosto” que coordenou as votações e propostas em todos os orçamentos do Estado, desde que o partido tinha apenas um deputado [João Cotrim Figueiredo] até ao final de 2022.
Sem querer ser exaustiva, Carla Castro destaca ainda as muitas propostas que apresentou e que foram aprovadas, partilhando a “verdadeira alegria” da “melhoria efectiva do estatuto de bolseiros”. “Deixar o mundo melhor do que o encontrámos, lutando por aquilo em que se acredita. Valeu a pena.”
Despedindo-se com um “até já”, a deputada assume que é e continuará a ser “liberal, reformista e praticante do desassossego construtivo”. “Continuo economista, gestora, e eu própria.”
“Fecha-se um ciclo”, sublinha, acrescentando que vai nos próximos tempos “reequacionar” o seu papel na vida política activa.
As listas de deputados às eleições legislativas de Março vão ser aprovadas este sábado pelo conselho nacional do partido, bem como o regimento da convenção estatutária que foi adiada e que ainda não tem data marcada.
A deputada, que nas últimas eleições legislativas ocupou o segundo lugar na lista por Lisboa, atrás do ex-presidente da IL João Cotrim Figueiredo, disputou, em Janeiro, a liderança do partido, tendo sua lista obtido 44% dos votos. O actual líder do partido, Rui Rocha, conseguiu um pouco mais: 51,7% votos dos membros inscritos.