Os gatos têm a reputação de serem animais distantes, independentes e até mesmo indiferentes, mas há um novo estudo que contraria tudo isto. Tal como acontece com os cães, os felinos domésticos gostam de brincar com os tutores — e nutrem um carinho especial pela saga interminável de apanhar brinquedos e voltar a trazê-los para junto dos donos.
No estudo publicado na revista Scientific Reports, Jemma Forman e os dois restantes autores do estudo entrevistaram 924 tutores de 1154 gatos para descodificarem os comportamentos dos felinos e concluíram que para a maioria dos animais (94%), apanhar um brinquedo é um comportamento instintivo que adquiriram durante o primeiro ano de vida.
“Geralmente, os gatos são notoriamente difíceis de treinar. Determinam as próprias sessões de brincadeiras, mas é um erro pensar que não são muito sociáveis com os donos”, afirmou ao Guardian a investigadora da Universidade de Sussex, no Reino Unido.
No estudo, que incluiu respostas de participantes europeus e norte-americanos, os entrevistados explicaram que os gatos eram selectivos com o tipo e tamanho do brinquedo. Os objectos redondos estavam no topo da lista de preferências, seguidos de pedaços de papel amassado e cosméticos. A par disto, alguns felinos só brincavam um determinado objecto, sempre com a mesma pessoa e em determinados momentos do dia, inclusive durante a noite, quando pousavam o brinquedo na almofada do dono.
No entanto, o estudo não conseguiu explicar o motivo que leva os gatos a iniciarem este jogo nem se, tal como os cães, encaram a proximidade com os donos como uma recompensa. Na verdade, afirmam os autores, estes animais podem apenas estar fascinados pelo objecto porque o associam a uma presa.
Controlar as regras do jogo
Os investigadores perguntaram aos tutores se eram estes que começavam a atirar o brinquedo para o gato apanhar e devolver ou ao contrário. Mais uma vez, registaram um comportamento semelhante ao dos cães: segundo o The Washington Post, cerca de 48% dos participantes disse que eram os gatos que iniciavam a brincadeira, em comparação com 22% das pessoas que admitiram ser quem começa a brincardeira.
Contudo, os gatos nem sempre devolviam o brinquedo e muitos optaram por deixá-lo numa outra zona da casa e cada vez mais longe do dono.
“Esta sensação de controlo, na perspectiva do gato, pode ser benéfica para o bem-estar do animal e para o relacionamento entre donos e felinos. Eu encorajaria os tutores a serem receptivos às necessidades de gatos, responderem às preferências de brincadeira deles – nem todos vão querer apanhar e devolver um objecto, mas se o fizerem, é provável que tenham uma maneira particular de o fazer”, afirmou Jemma Forman ao diário britânico.
Em declarações ao The Washington Post, Elizabeth Renner, co-autora da investigação, explicou que os gatos podem aprender este comportamento se o dono associar um som à tarefa e forem recompensados quando deixam o brinquedo perto do tutor, que o vai atirar novamente e pedir que o animal o traga de volta.