Risco de recessão técnica na zona euro agrava-se
Actividade da indústria e serviços contrai-se em Dezembro na zona euro, com a economia alemã, em particular, a revelar dificuldades em sair de um cenário de estagnação.
Os indicadores de actividade na indústria e nos serviços na zona euro continuaram, durante o mês de Dezembro, a apontar para uma contracção, tornando ainda mais provável a entrada da economia em recessão técnica na segunda metade do ano.
Um dia depois de o Banco Central Europeu ter decidido manter as suas taxas de juro inalteradas, dando poucas esperanças da concretização de uma descida no curto prazo, novos indicadores negativos surgiram na economia que apontam para uma contracção na fase final de 2023.
O indicador avançado de actividade na indústria e nos serviços calculado pela Standard & Poor’s através de inquéritos às empresas (denominado PMI) registou em Dezembro, na zona euro, uma descida de 47,6 para 47 pontos. O resultado surpreendeu os analistas pela negativa, os quais, num inquérito realizado pela Reuters, revelaram estar, em média, à espera de uma recuperação para 48 pontos.
Neste indicador, um resultado abaixo de 50 pontos significa uma contracção dos níveis de actividade económica, algo que já acontece na zona euro há vários meses.
Os números divulgados esta sexta-feira vêm reforçar a ideia de que a economia da zona euro poderá estar prestes a ver uma recessão técnica ser declarada. No terceiro trimestre do ano, o PIB caiu, de acordo com a estimativa rápida publicada pelo Eurostat no final de Outubro, 0,1% e, agora, no quarto trimestre, as possibilidades de acontecer o mesmo crescem. Uma recessão técnica é definida como a concretização de dois trimestres consecutivos de contracção do PIB em cadeia.
A contribuir decisivamente para o fraco desempenho na zona euro esteve a sua maior economia. O PMI da Alemanha caiu de 47,8 pontos em Novembro para 46,7 pontos, quando a expectativa era também de uma ligeira recuperação. O risco de entrada em recessão técnica torna-se assim ainda mais evidente.
Também esta sexta-feira, o banco central alemão apresentou novas estimativas de crescimento, traçando um cenário sombrio para a economia pelo menos até final do próximo ano. De acordo com as projecções do Bundesbank, a economia alemã irá, no decorrer deste ano, registar uma contracção ligeira, de 0,1%, não conseguindo no ano seguinte concretizar uma recuperação significativa. A expectativa em 2024 é de um crescimento de apenas 0,4%.
A afectar a economia alemã, diz o banco central, está também a crise orçamental em que entrou o país recentemente, na sequência da decisão do Tribunal Constitucional de não permitir a utilização de fundos como o criado para financiar a transição climática. “É também importante notar que o apoio do Estado aos investimentos privados nas áreas da protecção e transformação climática está agora definido a um nível mais baixo”, salienta o Bundesbank na nota em que apresentou as novas previsões.
Este problema adicional junta-se às dificuldades reveladas pela Alemanha em lidar com o fim de um período em que a sua economia cresceu beneficiando de um cenário de taxas de juro baixas, procura externa significativa e energia barata.