Ar puro de um cigarro

Seria mais complicado do que fazer entrar um rico no Reino dos Céus ou, como alternativa equivalente, fazer um camelo passar por um buraco de uma agulha.

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Ter sempre o queixo e o bigode a brilhar da gordura de toucinho frito era a única característica do Urso verdadeiramente brilhante. Comia com as mãos ou com a ponta do canivete e se alguma vez usava um garfo era para palitar os dentes. Cambaleava, quando chegava a casa, desde a porta da rua até ao livro do filósofo que até sabia o sentido da vida, fechava os olhos, abria-o numa página qualquer, abria os olhos, abria com a boca uma frase qualquer, sentindo-se então ameaçado, vilipendiado, esmagado. Tinha vontade de espetar uma faca de cozinha no livro, enfiá-la no próprio sentido da vida, se existisse essa possibilidade. O Urso cerrava os punhos e em silêncio olhava para capa, como costumava olhar para o fogo, mas sem efeito, o livro continuava a insultá-lo.

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