Já arrancou o “funeral” ao Mundial de Clubes

A partir de 2025 vem aí um Mundial com 32 clubes, que será de quatro em quatro anos. Agora é tempo de ir à Arábia Saudita, onde tudo se passa, fazer o “funeral” a uma prova conceptualmente estranha.

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A abertura do Mundial de Clubes Reuters/AMR ABDALLAH DALSH
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Começou nesta quarta-feira o “último adeus” ao Mundial de Clubes nos moldes em que o conhecemos. O “funeral” a uma prova cinzenta, conceptualmente desequilibrada e de parco interesse mediático é o evento que decorre nestes dias na Arábia Saudita – ora aí está algo nada visto no futebol actual – e que será a última edição nesta versão obsoleta e desigual.

Desde 2005 que o Mundial de Clubes é uma prova algo bizarra. Promove jogos iniciais entre equipas de continentes pouco abastados em talento, mas que merecem, pelo estatuto de campeãs continentais, a honra de ali estarem.

Mas essa honra, bastante lógica, não justifica tratamento igualitário. Os campeões da Europa e da América do Sul, mais fortes, talentosos e renomados, têm o privilégio de só entrarem em competição depois do tal “filtro” inicial que define as mais fortes entre as mais fracas – algo não tão diferente assim da Taça da Liga, que delicia a Liga de Clubes em Portugal, com "passadeira estendida" aos quatro principais clubes para que disputem a final a quatro.

Neste Mundial, o Manchester City e o Fluminense só entram em prova nas meias-finais, defrontando equipas que podem já levar dois jogos nas pernas em poucos dias. Em último caso, uma equipa pode ter de vencer o Mundial com quatro jogos em dez dias tendo, para isso, de bater um adversário que só jogou duas partidas – seria o caso, por exemplo, de uma eventual final entre Manchester City e Al-Ittihad.

Não é, portanto, uma surpresa que os representantes da UEFA e da CONMEBOL dividam entre si os títulos das 18 edições da prova – porque são melhores, sim, mas também porque têm um “empurrão” da FIFA.

FIFA montou City versus “dinizmo”

O que aí vem é, como já se sabe, uma competição mais alargada, com 32 clubes (europeus, com 12, e sul-americanos, com seis, monopolizam boa parte do lote), a partir de 2025 e com menos edições – será de quatro em quatro anos.

Mas há, antes disso, um “funeral” a fazer a esta prova. Manchester City e Fluminense terão, provavelmente, uma final para disputarem, a não ser que saia uma surpresa. Essa surpresa virá do León, da América do Norte, do Urawa Reds, da Ásia (onde joga Nakajima), do Al Ahly, de África, ou do Al Ittihad, também da Ásia (onde estão Jota, Benzema e Kanté). Já fora das contas está o Auckland, da Oceânia, que caiu no primeiro jogo frente à formação saudita.

O que se sabe é que qualquer vencedor da prova terá um troféu novo no museu. Quer City, quer Fluminense estão a zeros nesta competição, já que foram campeões continentais pela primeira vez.

Caso se confirme aquilo que a FIFA quer, então poderemos ter um jogo interessante de seguir entre City e Fluminense. Da equipa de Guardiola já conhecemos os preceitos de jogo e da de Fernando Diniz teremos, por certo, mais uma exibição de “dinizmo” – linha de pensamento que define que a equipa joga apoiado, pressiona alto e baseia o seu futebol em movimentação permanente, trocas posicionais, superioridades numéricas e saída curta desde trás.

No fim de contas, o “dinizmo” não é assim tão distinto da filosofia de jogo de Guardiola. E havendo tantos pontos em comum entre as equipas poderá ser interessante ver que tipo de jogo daí advirá, sobretudo porque nem City nem Fluminense estão muito habituados a que o adversário queira batê-lo no seu próprio jogo.

Ou então nada disso acontecerá e alguma equipa estará surpreendentemente na final – mas poucos porão muito dinheiro nessa aposta.

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