PSD força audição parlamentar da ministra do Trabalho sobre Santa Casa
Fá-lo por considerar “fundamental o esclarecimento e obter as informações da situação de uma instituição de tamanha importância na sociedade”. Ex-provedor, Edmundo Martinho, não pode ser chamado.
O PSD entregou esta quarta-feira um requerimento para tornar obrigatória a audição da ministra do Trabalho no Parlamento sobre a situação da Santa Casa Global, depois de o PS ter proposto o adiamento da votação do primeiro pedido dos sociais-democratas.
"O protelar desta decisão, numa altura de conhecimento público da brevidade da dissolução da Assembleia da República, poderá inviabilizar a audição proposta", justifica o PSD, no requerimento potestativo esta quarta-feira entregue na Comissão Parlamentar de Trabalho, Segurança Social e Inclusão.
Segundo os sociais-democratas, o PS pediu esta quarta-feira na comissão o adiamento do requerimento ordinário entregue pelo PSD na segunda-feira e que pedia a audição da ministra Ana Mendes Godinho e do ex-provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML), Edmundo Martinho.
Por considerar "fundamental o esclarecimento e obter as informações da situação de uma instituição de tamanha importância na sociedade", o PSD avançou com o pedido de audição obrigatória da ministra Ana Mendes Godinho.
Uma vez que não pode utilizar a figura do potestativo em relação a Edmundo Martinho — por já não se encontrar em funções —, a discussão e votação da audição do ex-provedor da SCML será feita na próxima reunião da Comissão de Trabalho.
Na base dos pedidos de audição está uma notícia de segunda-feira do PÚBLICO segundo a qual a ministra Ana Mendes Godinho foi informada dos valores necessários à internacionalização dos jogos sociais da SCML.
Em resposta à agência Lusa, nesse mesmo dia, o Ministério do Trabalho reiterou que "não houve nenhuma autorização de investimentos concretos, no Brasil" e que "todos os investimentos referentes à internacionalização estiveram e estão sempre condicionados ao despacho da ministra, de 9 de Junho de 2020, que exige expressamente o cumprimento de várias condicionantes".
Em finais de Setembro, quando foi ouvida no Parlamento sobre a situação financeira da SCML, a ministra Ana Mendes Godinho garantiu aos deputados que só tinha autorizado a constituição da sociedade Santa Casa Global e que não tinha dado aval a investimentos posteriores.
O PSD considera que, perante as notícias de segunda-feira, estão em causa "informações e declarações contraditórias sobre o conhecimento e aval da tutela face aos investimentos na Santa Casa Global, o que agrava o apuramento de responsabilidades da presente situação financeira em que se encontra a SCML".
Na resposta à Lusa, o Ministério do Trabalho referiu que a auditoria pedida pela ministra Ana Mendes Godinho, em 12 de Junho de 2023, "encontra-se em curso e determinará se foi cumprido o despacho, assim como o cumprimento da legalidade das operações da internacionalização do jogo pela Santa Casa Global e das acções levadas a cabo pelo ex-provedor da SCML".
Recordou ainda que foi já aberto um inquérito pelo Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP), na sequência do relatório preliminar entregue pela SCML à Procuradoria-Geral da República (PGR).