Este estudo descobriu que não existem emojis de fungos — e pede soluções além dos cogumelos

No WhatsApp existem 92 emojis de animais, 16 de plantas e um para representar fungos e microorganismos. Para os investigadores, ter mais símbolos destes ajudaria na perservação das espécies.

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Os emojis apoderaram-se das mensagens, substituem palavras e podemos usá-los para representar qualquer coisa — ou quase qualquer coisa, já que os fungos ficam de fora.

Jennifer Anderson, especialista em fungos aquáticos, decidiu falar sobre esta falha durante uma conferência de biologia em Praga, em 2021, e a explicação que deu para apelar a uma mudança foi simples: se o trabalho de um cientista for tentar salvar baleias, utilizar um emoji para representar este animal é uma forma mais rápida de comunicar. Por outro lado, se o foco forem os fungos aquáticos, o primeiro passo é explicar às pessoas como são e desmentir que não se parecem com cogumelos.

Os cientistas Stefano Mammola e Francesco Ficetola estavam na plateia a assistir e quiseram descobrir se era mesmo assim. No estudo, publicado esta segunda-feira, dia 11 de Dezembro, na revista iScience, focaram-se nos emojis do WhatsApp e, mesmo sem contar, a primeira conclusão foi rápida: muitos animais têm um símbolo que os representa, algumas plantas também, mas os fungos e microorganismos, não.

No total, contaram 112 emojis diferentes, incluindo 92 de animais, 16 plantas, um fungo semelhante a um cogumelo venenoso e um microorganismo que acreditam ser a representação da bactéria E.coli. Depois de categorizarem todos os organismos na Emojipedia (catálogo online de imagens) perceberam que mais de 20 mil espécies de animais invertebrados, os chamados platelmintos ou vermes, ficaram fora da lista.

“As nossas descobertas confirmam um preconceito típico na investigação da biodiversidade e uma característica intrínseca da psicologia humana. Normalmente temos mais empatia pelas formas de vida que estão filogeneticamente mais próximas de nós”, afirmou Stefano, citado pelo Guardian.

Segundo o cientista, ter emojis de espécies menos conhecidas ou totalmente desconhecidas para as pessoas poderia ajudar indirectamente na preservação e perceber a “importância de todos os organismos para o funcionamento da biosfera”, lê-se no estudo.

Por outro lado, esclarecem os investigadores, há um aspecto positivo que o estudo destaca. O número e variedade de emojis de animais aumentou de 48 em 2015 para 92 em 2022, com vários exemplos de espécies da mesma família representadas individualmente como o panda-gigante ou a águia-careca. O verme também integrou a lista com um emoji de minhoca e o mesmo aconteceu com os corais.

“Se esta tendência continuar, poderemos em breve alcançar uma representação mais equitativa da árvore da vida da Terra no conjunto de emojis disponíveis e abrir caminho para uma comunicação mais envolvente da biodiversidade e conservação”, comentaram.

Podem é ter um caminho difícil pela frente. De acordo com o diário britânico, no ano passado, o químico Andrew White apresentou uma proposta de um emoji de proteína às tecnológicas Meta, Microsoft e Apple, mas foi recusada. “Acho que ter um emoji de proteína seria útil para a comunicação científica, da mesma forma que o emoji de ADN passou a representar avanços na genómica e no sequenciamento”, defendeu.

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