Entre uma bienal e outra, Gaia vai levar o 25 de Abril à rua e às escolas

No âmbito da Onda Bienal de Gaia, vários artistas vão produzir autocolantes e cartazes que serão colados em paredes da cidade. Evento começa em Março de 2024 com exposição dedicada a Jaime Isidoro.

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Exposição dedicada aos 50 anos do 25 de Abril na Bienal de Gaia deste ano DR
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Arranca com uma exposição dedicada ao pintor Jaime Isidoro, mas o programa está orientado, sobretudo, para a comemoração dos 50 anos do 25 de Abril. Entre 21 de Março e o final do próximo ano, a Onda Bienal de Gaia, que se realiza entre uma bienal e outra, vai levar a revolução e o percurso até à liberdade às ruas e às escolas do concelho e da Área Metropolitana do Porto (AMP) e vai dar um salto até Espanha e ao Brasil.

O programa, quase fechado e só a precisar de umas afinações, foi apresentado na manhã desta quarta-feira no salão nobre da Casa Museu Teixeira Lopes, em Vila Nova de Gaia, por Agostinho Santo, director da cooperativa cultural Artistas de Gaia, que organiza a bienal, e por Paula Carvalhal, vereadora de Cultura do município.

“Arte sem liberdade não é arte”, afirmou Agostinho Santos como arranque para dar a conhecer a parte do programa dedicada aos 50 anos da Revolução (a bienal deste ano já tinha exposição sobre o tema). Para que os valores de Abril sejam passados e perpetuados pelos mais novos, a agenda do evento passará pelos estabelecimentos de ensino do concelho e da AMP. Explica o dirigente da cooperativa responsável pela programação que, com o apoio do Plano Nacional das Artes, será lançado um desafio aos alunos da área metropolitana para produzirem pinturas e desenhos “do antes e do pós-25 de Abril de 1974”. Uma selecção desses trabalhos será usada numa exposição entre Abril e Maio em algumas escolas do concelho.

Colagens na rua

A rua, e já com trabalhos realizados por artistas, será usada como galeria para obras que evocam para um período de militância feito através de material gráfico que era afixado nas paredes. Uma selecção de cartazes e autocolantes que remetem para os 50 anos da revolução serão colados em algumas artérias de Gaia, também em Abril.

Fora do município e do país, fruto de um intercâmbio entre a organização e a Universidade Federal do Mato Grosso do Sul, ainda no mesmo mês, vários artistas portugueses vão montar na galeria de artes visuais deste estabelecimento de ensino uma exposição colectiva que celebra o fim da ditadura. No mês seguinte, é a vez de alguns artistas brasileiros fazerem o mesmo em Gaia, mas com uma exposição colectiva direccionada para as questões ambientais.

A Onda Bienal também vai a Espanha, entre Julho e Agosto, com uma exposição em Ferrol, na Galiza, que contará com trabalhos de 60 artistas plásticos galegos, asturianos e portugueses. Dentro de portas, o evento passará ainda pelo Auditório Municipal do Peso da Régua, entre Outubro e Novembro.

A Artistas de Gaia – Cooperativa Cultural, segundo Agostinho Santos, a entidade artística “com mais sócios em Portugal” - tem cerca de 600, “todos artistas” - expõe o trabalho dos seus membros entre Novembro e Dezembro, na Biblioteca Municipal de Gaia.

O evento, que termina em Dezembro com uma venda de Natal, destaca ainda a obra de Jaime Isidoro (1924-2009). É assim que a Onda Bienal arranca, a 21 de Março, data em que o pintor completaria 100 anos, na Biblioteca Municipal de Gaia, com uma exposição de obras que mostram “um Isidoro nunca visto” e o “lado humano” do artista, conhecido apenas, diz Agostinho Santos, por “amigos e familiares”.

O orçamento desta onda (um evento intermédio entre uma bienal e outra), pago pela autarquia, costuma rondar os “40 mil euros”, mas este ano ainda não está fechado porque ainda falta acordar o compromisso com alguns artistas. A vereadora da Cultura da autarquia assegurou que a câmara voltará a apoiar o certame, que só arranca no próximo ano. Enquanto decorrer, adianta Agostinho Santos, já se trabalhará na próxima bienal, marcada para 2025.

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