Prefiro não

É preciso, é necessário, o progresso exige alguns sacrifícios que no final resultarão na mais bela sociedade: torturamos, mas com boa intenção.

Ouça este artigo
00:00
01:55

Exclusivo Gostaria de Ouvir? Assine já

Uma experiência conduzida na década de 1960 por Stanley Milgram, e que haveria de ficar muito famosa, investigou a tendência humana de obedecer a autoridades, fardas, batas e batinas, mesmo quando a situação revela contornos moralmente inquietantes. Os participantes desta experiência, que não sabiam ser apenas uma encenação, tinham de administrar choques eléctricos a outra pessoa, aumentando sempre a intensidade destes, como lhes era ordenado, resultando num sofrimento cada vez maior da vítima (que era na verdade um actor). Se hesitavam, alguém vestido com uma bata branca aproximar-se-ia defendendo a tortura e o uso dos choques eléctricos, usando o argumentário «estamos aqui pelo bem da humanidade, há efeitos secundários, mas não se fazem omeletes sem partir ovos, se morrerem uns quantos é pela felicidade de milhões. O utilitarismo pensa em números, é preciso, é necessário, o progresso exige alguns sacrifícios que no final resultarão na mais bela sociedade: torturamos, mas com boa intenção».

Os leitores são a força e a vida do jornal

O contributo do PÚBLICO para a vida democrática e cívica do país reside na força da relação que estabelece com os seus leitores.Para continuar a ler este artigo assine o PÚBLICO.Ligue - nos através do 808 200 095 ou envie-nos um email para assinaturas.online@publico.pt.