IDF admitem que só 10-15% dos presos filmados despidos eram do Hamas

Imagens de detidos algemados e apenas de roupa interior levaram a Cruz Vermelha a relembrar que todos os prisioneiros têm de ser tratados com dignidade.

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Camião israelita carrega grupo de detidos palestinianos REUTERS/Yossi Zeliger
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As Forças de Defesa de Israel (IDF, na sigla em inglês) admitiram esta segunda-feira que de cerca de uma centena de homens palestinianos que foram filmados ou fotografados algemados e apenas de roupa interior, depois do que foi apresentado como uma grande rendição de combatentes do Hamas na Faixa de Gaza, apenas 10 a 15% eram, de facto, elementos do movimento, segundo o diário israelita Haaretz.

O jornal cita duas fontes que acrescentaram que, embora tivesse sido necessário que os homens se despissem para as forças israelitas terem a certeza de que não tinham quaisquer explosivos escondidos, a difusão das imagens foi um erro, e essa divulgação não foi feita pelo porta-voz do Exército, segundo um artigo do jornalista especializado em questões de segurança Amos Harel.

As imagens provocaram indignação, com a Cruz Vermelha a relembrar que os prisioneiros de guerra têm direito a não ser humilhados. "Sublinhamos de modo veemente a importância de tratar todas as pessoas detidas com humanidade e dignidade, em conformidade com o direito internacional humanitário", declarou Jessica Moussan, porta-voz do Comité Internacional da Cruz Vermelha, num comunicado citado pelo Guardian.

Nas redes sociais, várias pessoas iam apontando reconhecer alguém entre os detidos pelo Exército de Israel, incluindo o caso de um jornalista, Diaa al-Kahlout, chefe da delegação em Gaza do Al-Araby Al-Jadeed (The New Arab, na versão em inglês), segundo a publicação.

O site da New Arab (com sede em Londres, financiado pelo Qatar) dizia que não tinha informação sobre o paradeiro do jornalista, e que a casa em que a sua família estava no Norte da Faixa de Gaza fora atingida num bombardeamento israelita que matou o seu sogro e deixou o seu pai, a mulher e o filho feridos.

Morreram pelo menos 61 jornalistas na Faixa de Gaza, segundo números da Federação Internacional de Jornalistas, e há ainda vários outros desaparecidos.

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