O comissário europeu para o clima, Wopke Hoekstra, considerou "decepcionante" o rascunho de texto do balanço final (global stocktake) que deverá ser acordado até ao final da COP28, no Dubai, afirmando que a delegação da União Europeia irá dialogar o tempo que for necessário para conseguir as alterações que considera necessárias para combater as alterações climáticas.
"É claramente insuficiente e desadequado para responder àquilo que estamos aqui a tratar", afirmou Wopke Hoekstra. "E não é porque a União Europeia quer, é porque os cientistas são claros sobre o que é preciso. No topo dessa lista está o fim dos combustíveis fósseis."
"Este assunto é demasiado importante para não fazermos tudo o que conseguimos para continuar a negociação e garantir que conseguimos o que é certo", acrescentou o comissário neerlandês, em declarações aos jornalistas junto ao pavilhão da UE na COP28.
Já a ministra espanhola para a transição ecológica, Teresa Ribera Rodríguez – Espanha preside, actualmente, ao Conselho da UE – usou palavras mais firmes: "Consideramos que é um texto insuficiente. Há elementos no texto que são totalmente inaceitáveis."
O texto foi publicado durante a tarde (cerca da hora do almoço, em Lisboa). Ao contrário do que era pedido pela delegação da União Europeia, o texto não é claro sobre uma eventual eliminação dos combustíveis fósseis.
Para Ribera, o texto "não deixa de todo claro como é que podemos proceder nestas décadas críticas, em matéria energética". "Seria bom termos mais clareza se queremos fazer desta COP o que mundo precisa e o que é suposto ser", sublinhou a governante, uma das negociadoras mais destacadas da delegação europeia nesta cimeira do clima.
"Gostaríamos de sair desta COP com a mensagem clara de que o mundo precisa e, neste momento, não estamos nesta posição", referiu ainda Teresa Ribera, afirmando que ainda serão precisas "horas, ou dias, se necessário, pela frente".
O comissário Wopke Hoekstra sublinha que é preciso especificar o objectivo de eliminação dos combustíveis fósseis, a necessida de "travar o carvão" e o reconhecimento de que não é possível acabar com os combustíveis fósseis "de hoje para amanhã", mas que a transição não pode ser atrasada.
"Tem de ser uma COP que se transforme num ponto sem retorno e num ponto de referência nesta década crítica. Falta muito trabalho para poder garantir que o cenário final seja claro e claramente congruente com a mensagem que queremos passar", considerou Teresa Ribera.
O PÚBLICO viajou a convite da Fundação Oceano Azul