A capital do Azerbaijão, Bacu, vai sediar a próxima Cimeira do Clima das Nações Unidas (COP29), de 11 a 22 de Novembro de 2024. A proposta foi aprovada esta segunda-feira no Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, onde está a decorrer a COP28. Já a COP30, como previsto, decorrerá no Brasil de 10 a 21 de Novembro de 2025.
O Azerbaijão ganhou o apoio de outros países da Europa Oriental no sábado, após meses de impasse. A decisão exigiu ainda um acordo prévio com a Arménia - país com o qual o Azerbaijão faz fronteira e mantém relações diplomáticas tensas -, no qual os arménios se comprometiam a não vetar a proposta.
O anúncio coloca um ponto final numa “novela” que se arrastou durante meses, e que consistia num impasse geopolítico. Depois dos Emirados Árabes Unidos, que fazem parte da região Ásia-Pacífico, a presidência rotativa da próxima COP passaria para os braços de um país da Europa de Leste. A questão é que a Rússia ameaçou vetar qualquer candidatura de um país da União Europeia, em resposta às sanções impostas por Bruxelas a Moscovo na sequência da invasão da Ucrânia. Foi necessário então pensar em soluções alternativas.
A candidatura do Azerbaijão, país da Ásia Central que não integra a União Europeia, exigiu a aprovação dos quase 200 países presentes nas negociações da COP28. Este tipo de votação costuma ser uma formalidade. Contudo, como as autoridades em Bacu retomaram em Setembro o controlo da região separatista de Nagorno-Karabakh, levando a uma saída em massa da população de etnia arménia do território, as relações do Azerbaijão com alguns países europeus azedaram.
Apesar da tensão à volta de Nagorno-Karabakh, esta segunda-feira foi dada luz verde para Bacu organizar a próxima Cimeira do Clima. Se não fosse possível chegar a um acordo sobre o país anfitrião da COP29, a solução teria mesmo de passar por Bona, na Alemanha, onde está sediado o secretariado do clima das Nações Unidas.
“Estamos muito gratos a todos os países, em particular ao grupo da Europa de Leste e aos Emirados Árabes Unidos, anfitriões da cimeira, pelo seu apoio”, disse o ministro da Ecologia do Azerbaijão, Mukhtar Babayev, num discurso proferido no palco principal da COP28, no sábado.
A exemplo do que aconteceu com os Emirados Árabes Unidos (EAU), o Azerbaijão não é uma escolha isenta de controvérsias. O país tem interesses nacionais na produção de petróleo e possui um historial pouco abonatório em matéria de direitos humanos.
Quando a candidatura foi anunciada, na quinta-feira, profissionais que trabalham na área da acção climática manifestaram uma preocupação semelhante àquela que tiveram com a escolha do Dubai: o Azerbaijão produz petróleo e gás, sendo um membro da Organização de Países Produtores de Petróleo. Muitos alertam para o risco de um evento sobre a redução do carbono na atmosfera ser organizado num país com interesse na extracção de combustíveis fósseis.