Israel lança “extensa série de ataques” no sul do Líbano

Exército israelita diz que respondeu a um ataque com drones lançado pelo movimento libanês Hezbollah. Na Faixa de Gaza, o Hamas desmente notícias de que há rendições entre os seus combatentes.

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Ataques do Exército de Israel em Khan Younis, no sul da Faixa de Gaza IBRAHEEM ABU MUSTAFA/Reuters
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A Força Aérea israelita lançou neste domingo aquilo que descreveu como "uma extensa série de ataques" contra posições do Hezbollah no sul do Líbano, depois de o movimento libanês, aliado do Hamas, ter lançado drones com explosivos contra um centro de comando de Israel nas proximidades de um colonato judeu, perto da fronteira.

Segundo o Exército de Israel, pelo menos dois drones lançados pelo Hezbollah foram abatidos pelo sistema de defesa antiaéreo e dois soldados israelitas sofreram ferimentos que justificam alguma preocupação.

Nos últimos dias, os confrontos entre o Exército israelita e o Hezbollah subiram de intensidade e são já os mais graves desde a guerra no Líbano em 2006.

Já depois do início da ofensiva israelita na Faixa de Gaza, em Outubro, o Hezbollah indicou que não estava disposto a abrir uma segunda frente na guerra, mas o aumento da tensão na fronteira norte de Israel — e o receio israelita de eventuais ataques contra colonatos na região — aumenta a probabilidade de uma escalada nos confrontos.

Segundo a agência Reuters, as sirenes soaram em vários locais na fronteira de Israel com o Líbano logo após os ataques da aviação israelita e dois caças foram vistos a cruzar os céus de Beirute, a 100 quilómetros da fronteira.

No norte da Faixa de Gaza, onde o Exército israelita tem lançado ataques em Shujaiyehn e no campo de refugiados de Jabalia, as autoridades de Israel dizem que vários militantes do Hamas renderam-se nos últimos dias. Segundo o chefe do Estado-maior israelita, o general Herzi Halevi, as rendições "são um sinal de desintegração do sistema".

Um porta-voz do Hamas, citado pelo Wall Street Journal sob anonimato, negou qualquer rendição e disse que Israel "está acostumada a fabricar este tipo de cenários e a criar uma presunção de vitória contra os combatentes da resistência".

Também este domingo, tanques israelitas chegaram a Khan Younis, no sul da Faixa de Gaza, onde os serviços de informação de Israel acreditam estar o líder do Hamas em Gaza, Yahya Sinwar, bem como os principais líderes militares do movimento islamista.

O Exército de Israel lançou um ataque contra Khan Younis na última semana, depois do fim de uma trégua que permitiu uma troca de reféns por prisioneiros palestinianos.

Esta nova fase, numa ofensiva que começou há dois meses — após um ataque do Hamas em Israel que fez mais de 1100 mortos —, veio agravar ainda mais as condições de vida de centenas de milhares de palestinianos que foram forçados a deslocar-se para sul numa primeira fase, quando o Exército de Israel concentrou as suas operações militares no norte do território. Segundo o Hamas, desde o início da ofensiva já morreram quase 18 mil palestinianos.

"Dizer que o impacto do conflito na saúde [dos palestinianos] é catastrófico é constatar o óbvio", disse este domingo o director-geral da Organização Mundial da Saúde, Tedros Adhanom. "As necessidades de cuidados de saúde aumentaram drasticamente e a capacidade do sistema de saúde foi reduzido a um terço do que era antes."

No mesmo sentido, o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, afirmou, este domingo, que "a autoridade e a credibilidade do Conselho de Segurança ficaram seriamente comprometidas" depois do veto dos EUA a um cessar-fogo imediato, na sexta-feira.

"Corremos sério risco de colapso do sistema humanitário", alertou Guterres no Fórum de Doha. "A situação está a evoluir rapidamente para uma catástrofe com implicações potencialmente irreversíveis para os palestinianos como um todo e para a paz e a segurança na região", avisou o secretário-geral da ONU.

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