Israel: PCP e BE juntam-se a manifestação por cessar-fogo e “fim do massacre”

Os dois partidos voltaram a mobilizar esforços conjuntos para pedir mais acção do Estado português pela responsabilização de Israel.

politica,pcp,be,israel,palestina,
Fotogaleria
A manifestação juntou mais de um milhar de pessoas na Baixa de Lisboa LUSA/Tiago Petinga
politica,pcp,be,israel,palestina,
Fotogaleria
LUSA/Tiago Petinga
Ouça este artigo
00:00
04:00

Exclusivo Gostaria de Ouvir? Assine já

PCP e BE juntaram-se hoje a uma manifestação em Lisboa que apelou ao "cessar-fogo imediato" em Gaza, com os partidos a pedirem mais acção do Estado português pelo "fim do massacre" e responsabilização de Israel.

Mais de um milhar de pessoas participou nesta manifestação, com o lema "Paz no Médio Oriente, Palestina Independente", que começou no Martim Moniz e vai terminar no Largo José Saramago (antigo Campo das Cebolas), e em que as palavras de ordem mais ouvidas foram "Palestina vencerá" ou "Libertar a Palestina, acabar com a chacina".

O secretário-geral do PCP, Paulo Raimundo, juntou-se à manifestação a meio da Rua do Ouro e defendeu que "a mensagem forte" que hoje se ouviu nas ruas de Lisboa "tem de fazer a diferença". "É a exigência de que há que parar o massacre ao povo palestiniano que está a ser dizimado, massacrado, expulso da sua terra", disse Paulo Raimundo, que esteve acompanhado pela líder parlamentar, Paula Santos, e por vários actuais e antigos deputados do PCP.

Questionado sobre a actuação do Estado português, Paulo Raimundo defendeu que "tem de fazer mais, fazer ouvir a sua voz em todos os espaços onde está pela exigência do cessar-fogo".

"O Estado português tem a obrigação de cumprir a Constituição, apelar à resolução dos conflitos armados pela via política e fazer cumprir as resoluções das Nações Unidas de que é subscritor", defendeu, considerando que existe uma posição de "profunda hipocrisia, profundo cinismo" de vários Estados.

Na mesma linha, o dirigente do BE Fabian Figueiredo considerou que se exige ao Governo português "passar das palavras aos actos". "Os milhares de pessoas que saíram à rua é isso que pedem: passar da diplomacia das palavras à diplomacia das acções e responsabilizar o Estado de Israel pelo massacre que está a provocar", disse.

O candidato a deputado por Lisboa defendeu ainda que o Estado português tem de deixar de "fazer negócios com quem está a lucrar com a guerra", dizendo referir-se às multinacionais que estão na lista da ONU como sedeadas em colonatos, apontando como exemplo a HP.

"Infelizmente, todos os dias há mais razões para sair à rua, há mais de 17.000 civis mortos, na sua maioria mulheres e crianças", frisou Fabian Figueiredo, apelando ao Governo português para que se "coloque de forma firme" ao lado do secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, que tem feito "apelos desesperados" para um cessar-fogo imediato.

A manifestação foi convocada pelo Movimento pelos Direitos do Povo Palestino e pela Paz no Médio Oriente (MPPM), pela Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses -- Intersindical Nacional (CGTP-IN) e pelo Conselho Português para a Paz e Cooperação (CPPC).

No início da manifestação, a secretária-geral da CGTP, Isabel Camarinha, apelou ao fim dos bombardeamentos por parte de Israel para que seja possível a ajuda humanitária a Gaza, prometendo continuar os protestos enquanto aqueles se mantiverem.

"Há a necessidade de cessar-fogo imediato e resolução deste conflito pelas vias do Direito internacional e do cumprimento das resoluções das Nações Unidas, que prevêem dois Estados, um Estado palestiniano independente, acabando com dezenas de anos de ocupação", apelou, dizendo que "o mundo não pode aceitar que continue a acontecer este genocídio".

No mesmo sentido, a presidente da direcção do CPPC, Ilda Figueiredo, antiga eurodeputada do PCP, considerou inadmissível que dois meses depois "dos acontecimentos em Israel", que disse condenar - uma referência aos ataques terroristas do Hamas de 7 de Outubro -, Israel "continue a matar palestinianos", incluindo mais de 6.000 crianças. "O mundo inteiro devia exigir que Israel pare esta chacina", apelou.

A manifestação decorreu de forma ordeira ao longo de cerca de hora e meia - cruzando-se com muitos turistas e portugueses às compras de Natal na Baixa de Lisboa, que iam filmando e tirando fotografias -, dominando as bandeiras azuis e brancas do CPPC, mas também muitas da Palestina, com várias pessoas envergando os tradicionais lenços palestinianos.

A guerra entre Israel e o Hamas, que já completou dois meses e continua a ameaçar alastrar a toda a região do Médio Oriente, fez até agora na Faixa de Gaza mais de 17.000 mortos, na maioria civis, e mais de 40.000 feridos, de acordo com o mais recente balanço das autoridades locais, confirmado pela ONU, e cerca de 1,9 milhões de deslocados, também segundo a ONU.